David Mota
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Atos a favor da democracia aconteceram nesta quinta-feira, 11, em pelo menos 50 cidades de todos os estados do Brasil. Em Fortaleza, duas manifestações tomaram as ruas. Pela manhã, os manifestantes se organizaram na Praça da Bandeira. Pela tarde, indo até o começo da noite, o local escolhido foi a Praça da Gentilândia.
Nos atos do país inteiro, foi lida a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros – Estado Democrático de Direito Sempre, organizada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), que conta com quase 1 milhão de assinaturas. As manifestações se deram após o presidente Jair Bolsonaro insistir em atacar o processo eleitoral do Brasil.
Antigos apoiadores do presidente também marcaram presença no ato e se manifestaram. Felipe Marinho, de 43 anos, explicou os motivos que o fizeram votar no presidente na eleição passada e disse que não vai repetir o feito nesta eleição.
“O meu voto no Bolsonaro foi uma tentativa de mudança. Eu achava que, mesmo parecendo que ele não era tão preparado e com todos os defeitos, ele era uma pessoa bem intencionada e que queria mudar o sistema. Chegando lá [na Presidência], colocou uma pessoa que vai totalmente contra os meus valores, e os valores que ele defendia em campanha, no Supremo.”
O manifestante disse que se arrepende “sim de ter votado no Bolsonaro e também não gosto desse discurso dele sempre ameaçar o STF nas entrelinhas. Acho isso um perigo e antidemocrático. É importante a gente se posicionar e mostrar que o povo está de olho e que a democracia vai prevalecer”, declarou.
O jovem João Alves, de 24 anos, compareceu às manifestações com o objetivo de defender a democracia e “não voltarmos para uma Ditadura”, como seus pais viveram.
“Cresci ouvindo meus pais contarem histórias sobre a Ditadura Militar e acredito que não há progresso sem democracia, sem que a vontade do povo seja ouvida e respeitada. Independente de quem seja o político que governe, que ele seja eleito pela maioria, que a voz do povo seja respeitada. Democracia é sobre respeito ao coletivo, não sobre a minha vontade individual. Eu tenho as minhas convicções, claro, mas sei que todos que estão aqui sabem que enquanto sociedade nós precisamos nos unir para que a voz do povo seja sempre soberana.”
ORGANIZAÇÃO DOS ATOS
A organização do evento no Ceará foi do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC); Frente Brasil Popular Ceará; Frente Povo Sem Medo; Central Única dos Trabalhadores no Ceará (CUT-CE); União Nacional dos Estudantes (UNE); União Estadual dos Estudantes (UEE); União Estudantil de Fortaleza (Unefort); Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Intersindical – Central da Classe Trabalhadora.
O presidente da Adufc, Bruno Rocha, destacou a importância do movimento e da democracia. “Ocuparemos as ruas mais uma vez para reafirmar que não aceitaremos golpes nas eleições do Brasil. Bolsonaro está desesperado, porque sabe que a derrota se aproxima. Diremos não a esse governo da morte nas ruas e nas urnas.”
A organização dos atos e a Polícia Militar do Ceará (PMCE) foram questionadas sobre estimativa de público e se houve ocorrências, porém, até o fechamento desta edição, não foi obtida nenhuma resposta. O OPINIÃO CE esteve no segundo ato, localizado na Praça da Gentilândia, e não notou nenhum tipo de ocorrência.
Instituições como a Federação Brasileira de Bancos (Frebraban) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), além de artistas, empresários e políticos, como os adversários de Bolsonaro nas eleições de 2022, Ciro Gomes (PDT), Lula (PT) e Simone Tebet (MDB), também assinaram a carta, que contém um trecho que diz “Hoje, mais uma vez, somos instigados a identificar caminhos que consolidem nossa jornada em direção à vontade de nossa gente, que é independência suprema que uma nação pode alcançar. A estabilidade democrática, o respeito ao Estado de Direito e o desenvolvimento são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios.”