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23 de março de 2025

ForCaos, Fortal e Halleluya: G20, inteligência artificial, fome e pobreza

As festas e a inteligência artificial estão por aí, assim como a fome e miséria em todo mundo

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Em 1993, o evento do Fortal era tomado por alunos de cursinhos, universitários e adultos e muito pouco adolescentes. Os anos passaram e as juventudes apropriaram-se da festa e os comportamentos socias e sexuais revelaram-se, modificaram-se, e todo final de estação de férias de julho, recebo nas mídias, trechos de vídeos expondo muitos brincantes do Fortal – foliões musculosos, de barba e bigode, beijando-se, tocando-se intimamente etc, assim como imagens de garotas, seguidas de frases provocativas: “Isso é bonito?, “Isso é uma imoralidade”, “Como vou criar meus filhos nesse mundo?”, “É essa a liberdade que a esquerda defende?!”, e por aí vai.

No início, eu me dava o trabalho de explicar as questões históricas, sociológicas e que podemos começar a querer ou desejar coisas e pessoas que não queríamos nem desejávamos antes etc. Explicava, também, a existência de outros eventos e sentidos de juventudes, como o Festival Halleluya. Neste ano, em sua 26ª edição, recebeu artistas midiáticos, religiosos, que arrastam multidões. O Fortal, como sempre, com seu cast de plantão, enlouquece a turma dos blocos e camarotes. Mas, sobre o ForCaos a grande mídia silencia.

O ForCaos foi pensado e criado inicialmente como evento cultural-musical, em 1999, como alternativa ao Fortal, pela Associação Cultural Cearense do Rock (ACR), por iniciativa de Amaudson Ximenes. O ForCaos ganhou destaque nacional como um dos maiores eventos do underground nacional. Em 2024, está na sua 25ª edição, sendo 23 realizadas em Fortaleza e duas na cidade de Maracanaú. Em 2018, passou a integrar o calendário oficial de eventos de Fortaleza, por meio da Lei nº 10.736/2018. Do ponto de vista da economia da cultura, o ForCaos é importante por gerar mais de 300 empregos diretos. A despeito dos seus deferentes propósitos, os três eventos têm isso em comum: empregam músicos, artesãos, produtores empreendedores, empresas de som e iluminação, expositores, designers, jornalistas, vendedores ambulantes, donos de vans, táxis e ubers.

Percebe-se, pois, que as festas vão muito além da religião, do sexo, drogas, rock and roll, música baiana, carnaval e forró. Enquanto os eventos aconteciam em Fortaleza, no Rio de Janeiro, as Reuniões Técnicas do G20, tinham outros propósitos. Lula apresentou um conjunto de documentos que orientarão a construção da “Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”. A revelação do embaixador Mauricio Lyrio impacta: “Pelo menos 150 milhões de crianças de até 5 anos passam fome no mundo e 730 milhões de pessoas estão em situação de fome ou insegurança alimentar”. No final do evento, assim discursou Lula: “Não é possível que, na metade do século XXI, quando a gente já está discutindo até inteligência artificial, sem conseguir consumir a inteligência natural que todos nós temos, a gente ainda seja obrigado a fazer uma discussão dizendo para os nossos dirigentes públicos do mundo inteiro: ‘por favor, olhem para os pobres, porque eles são seres humanos, eles são gente e querem ter oportunidade’. Muito obrigado pela presença de vocês”.

Resultado, Lula foi aplaudido de pé. Pois é, as festas e a inteligência artificial estão por aí, assim como a fome e miséria em todo mundo.

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