Julho findou e levou com ele os festejos mais tradicionais do Nordeste brasileiro. Depois da pausa necessária, devido à pandemia, o Sertão voltou a acender fogueiras, o cheiro do milho tornou a aguçar o paladar e a mesa farta de pamonha, pé-de- moleque e baião de dois com paçoca matou a fome da saudade.
Os brincantes pisaram firme nos tablados e o som da sanfona, do triângulo e da zabumba voltou a ecoar. Para além das memórias afetivas e da cultura por trás da tradição, a retomada dos festejos juninos trouxe também uma injeção econômica, principalmente nos municípios do Interior.
Os eventos temáticos e festivais envolvem diversos setores econômicos. Do comércio ao entretenimento, há oportunidade de renda. Ganha quem vende tecidos e adereços, quem costura trajes típicos, quem produz alimentos e quem transforma os ingredientes em pratos juninos. Ganha quem monta o som e o palco, ganham os artistas que se apresentam e aqueles que colocam as barraquinhas nas ruas. Qualquer coisa ligada à tradição de junho tem espaço e tem consumo.
É o chamado “salário junino” que chega pra aquecer a economia regional. Há ainda eventos de grande porte. O Aracati Junino, por exemplo, reativou a economia local e inaugurou uma frente de promoção do destino turístico. Com público de 20 mil pessoas por noite, o festival passa a integrar o calendário anual de eventos de Aracati.
Os tempos ainda pedem cautela. Sabemos disso. Em alguns municípios os festejos juninos foram cancelados, foi o caso de Icó, no Centro Sul. Muita gente continua usando máscaras nas ruas. Essa é a recomendação das autoridades e deve ser seguida. É preciso manter cuidados sanitários e vacinação. Mas é preciso também retomar a vida, mesmo que gradativamente. O Nordeste respirou tradição novamente e foi bonito ver o arrasta pé de volta nos terreiros.