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12 de fevereiro de 2025

Festa tricolor: a expectativa de quem vai e quem fica

Apaixonados vão à final da Sula por terra e ar; ou preparam em casa a recepção do time do coração que sonham ver trazendo a vitória

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Todo mundo que já sentiu isto, sabe que a canção diz a verdade: “amor é para sentir, não para entender!”. O sentimento que transborda pode ser dedicado à família, aos amigos, a um companheiro, a artistas e, claro, times de futebol. Palpitação, borboletas no estômago, suor frio, choro emotivo, esforço para ficar perto de quem você ama – cada uma dessas manifestações traduz um sentimento puro, verdadeiro e imenso.

Por que falar tanto sobre amor numa edição especial sobre o Fortaleza? Simples: seja a mobilização dos apaixonados que vão ao Uruguai, por ar ou por terra; ou o empenho do torcedor que junta família e amigos para mandar energias positivas capazes de cruzar fronteira, cada história tricolor neste sábado é uma declaração de amor ao Leão do Pici.

PARTIU, URUGUAI!
Para quem vai acompanhar in loco, há quase 5 mil km de Fortaleza, os meios são vários: avião, ônibus, carro, moto. Foi preciso negociar folga no trabalho, rever as economias, planejar em tempo recorde; não se mediu esforços para que as coisas dessem certo. O discurso é o mesmo: “queremos o título!”. Mas, se isso não acontecer — o que ninguém deseja — há motivos de sobra para seguir de cabeça erguida. O Fortaleza já cravou esse momento como o maior dos 105 anos de existência.

Figuras que são marcas registradas nas arquibancadas do Castelão não podiam deixar de ir. É o caso de Júlio Pimenta, conhecido como Sósia do Zé Welison. O torcedor que veio de São Paulo e aprendeu a amar o Leão em solo cearense, fez sua estreia em caravanas tricolores. Júlio embarcou no ônibus organizado pelo clube para os sócios-torcedores premiados em uma promoção. Todos seguiram viagem desde a segunda-feira (22), chegando ao destino no sábado (28), dia do jogo.

Para ele, sair do Brasil para apoiar o Fortaleza, traz uma sensação que conhece bem, é a mesma de quando se desloca para a Arena Castelão. Lembra daquele amor que a gente falou no começo deste texto? Pois é, é movido por esse sentimento, que o Júlio faz uma viagem de cinco dias de ônibus, rumo a Punta Del Este. “É um sentimento, um amor, uma paixão. Mas que acho que ainda é maior do que isso. A gente não consegue nem descrever em palavras”, contou.

Pegando embalo nessa caravana, tem um torcedor apaixonado, que com o talento para humor e comunicação, acabou trabalhando para o clube. João Filho, conhecido nas redes sociais como “O Leãozoeiro”, começou gravando vídeos no meio da torcida, sempre com tom divertido, das reações de quem ia assistir aos jogos na Arena Castelão. Atualmente, ele trabalha para o Fortaleza e foi designado a registrar o diário de bordo dessa viagem.

João sabe da responsabilidade em participar e acompanhar esse momento gigante para o tricolor, principalmente, pela ascensão do futebol nordestino e as dificuldades que as equipes da região têm em participar de competições dessa grandiosidade, ainda mais, ser um dos finalistas. “[Talvez] as nossas próximas gerações não verão mais um clube nordestino num cenário como esse que está o Fortaleza. Então, somos privilegiados e queremos, sim, ser campeões”, ressaltou o torcedor.

AMOR PELO FORTALEZA E A UNIÃO DE DUAS APAIXONADAS

Amor e Laion unem duas jovens que embarcaram para o Uruguai. Wanezza Lopes e Jéssica Kássia namoram há cinco anos. Além de se amarem, compartilham a paixão pelo Tricolor. Wanezza era atleta de futsal e usava a camisa 47, referência ao Cassiano, um dos ídolos do clube. Quando conheceu Jéssica, esse número foi um fator importante, identificado pela companheira, sem saber que torciam para o mesmo time.

Juntas, viajaram para a Punta Del Este nesta quinta-feira (26), saindo de avião para o Uruguai. Para as duas, ver a evolução do Fortaleza ao longo dos últimos anos, foi o que motivou a organizar a viagem em menos de 30 dias. A decisão foi tomada no dia da vitória contra o Corinthians: 3 de outubro. “Chegar a final de um campeonato internacional já é uma grande conquista, considerando todo o percurso do Fortaleza ao longo dos últimos 6 anos. A conquista do título seria a validação e a coroação de um belo trabalho que vem sendo realizado desde então”, explicou Jéssica.

Wanezza recordou de todas as vezes que saiu desesperançosa do Castelão, durante a Série C, sem imaginar que o time do coração seria, um dia, representante brasileiro em uma competição internacional. “Foram inúmeras as vezes que saí do Castelão triste, nada mais justo que ter o gostinho de viver os momentos de glória bem de pertinho”, ressaltou.

E esse feito é analisado com o trabalho de uma boa gestão, formada por apaixonados que não desistiram de ajudar o clube. “Se você me perguntasse há uns 7 anos se esse feito hoje seria possível, provavelmente eu diria que seria um sonho”. Sonho que não tem nada de mágico. “(Foi resultado de) um conjunto de fatores como gestão comprometida, funcionários que trabalham por amor e uma torcida que carrega o time desde sempre, tornando todas essas junções nos resultados que foram construídos e hoje estamos desfrutando”, finalizou.

E PARA QUEM FICA? A EMOÇÃO É UMA SÓ!

Mesmo com o amor e os esforços feitos, nem todo mundo conseguiu viajar, por diversos motivos: dinheiro, trabalho, vida pessoal. O que não diminui o tamanho do sentimento. Mesmo do Brasil, a torcida, a emoção e o desejo remetem a conquista. Tanto que, quando foi possível, a viagem foi a primeira opção. É o caso do Yan Victhor, que foi a Buenos Aires, na Argentina, ver o Fortaleza enfrentar o River Plate, na primeira participação na Libertadores.

Desta vez ele fica em Fortaleza, e se reunirá com outro grupo de torcedores para assistir ao jogo na Praia do Futuro, em uma das barracas do local. Yan faz o convite para o torcedor: “Queremos juntar a torcida. Quem puder comparecer, pode chegar junto para a gente fazer uma linda festa e simular a Punta del Este aqui em Fortaleza”.

O jovem viu que tudo ficou muito apertado e deixou a viagem de lado. O que não o impediu de reservar o momento para torcer pelo Tricolor. “Creio que a logística prejudicou boa parte da torcida. Muitos fizeram seu esforço, mas ainda assim é uma viagem muito longa em termos de distância e a passagem aérea ficou muito cara, principalmente”, pontuou.

Tem também quem ainda esteja em busca daquela folga com o chefe, tudo para não perder o jogo, como relatou Larissa Monteiro. “Tô tentando folgar ou, pelo menos, sair cedo do trabalho para conseguir assistir ao jogo! Pede aí meu patrão para me liberar”, apelou.
Larissa viajou para ver o Fortaleza jogar ainda nos tempos obscuros, em 2017, contra o Sampaio Corrêa, no Maranhão, pela Série C. Com lágrimas nos olhos, ela deu a certeza de que a palavra é de gratidão, independente do resultado. “Toda a minha gratidão e orgulho a todos os envolvidos, por nos permitir viver tudo que estamos vivendo. Sempre soube que o meu Fortaleza era gigante e merece tudo isso”, finalizou.

ENFIM, É O AMOR!

Quando alguém falar sobre amor, veja até que ponto consegue provar esse sentimento. Ao torcedor do Fortaleza, seja no Uruguai ou no Brasil, a energia positiva dessa paixão avassaladora será emanada para os atletas em Punta Del Este. E que a torcida, como 12º jogador em campo, seja a força para a conquista do título histórico.

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