O preço do café deve continuar subindo nas próximas semanas, até a safra deste ano, que começa a ser colhida entre abril e maio. A afirmação é da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). A principal causa do aumento nos preços são os eventos climáticos, que influenciam na safra do grão. O aumento do consumo em todo o mundo e a chegada de um novo mercado consumidor global, a China, também influenciam.
Segundo a entidade, esse impacto sobre os preços deve se manter por mais dois ou três meses. Depois, deve vir um momento de arrefecimento no valor do produto, com uma certa estabilização. A queda de preços, no entanto, só deverá acontecer a partir da safra do próximo ano, estima a associação.
O aumento no preço do café é observado desde novembro do ano passado. E não é um fenômeno apenas no Brasil, principal exportador mundial de café no mundo, representando quase 40% da produção mundial, seguido pelo Vietnã, em torno de 17%, e pela Colômbia.
Além desses fatores, o consumo da bebida no Brasil entre novembro de 2023 e outubro de 2024 cresceu 1,11% em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados pela Abic, nesta quarta-feira (5). Em média, o brasileiro consome 1.430 xícaras de café por ano.
SAFRA
Em 2020, a safra brasileira bateu recordes, mas os anos seguintes foram ruins para a lavoura, influenciado pelo clima. No ano seguinte, houve uma geada que dizimou quase 20% da safra de arábica. Apesar do otimismo com relação a 2022, não houve recuperação da safra que, em geral, demora dois anos para que isso ocorra.
O prejuízo permaneceu em 2023, quando a lavoura sofreu os efeitos do El Niño, fenômeno que afeta o clima em todo o Planeta, com um período longo de estiagem e altas temperaturas. No ano passado, ocorreu a La Niña, que trouxe chuvas alongadas.
“Isso é muito ruim para a lavoura. Esse acúmulo de quatro anos de problemas climáticos e o crescimento da demanda global dão a explicação dessa escalada de preços no café”, ressaltou o presidente da Abic, Pavel Cardoso.
O presidente da entidade acrescenta que a safra deste ano será ligeiramente menor que a do ano passado. Com todos esses problemas climáticos afetando a lavoura, os produtores precisaram aumentar os gastos para a produção. Com isso, o custo da matéria-prima subiu.
Segundo dados estatísticos da Abic, a indústria teve aumentos superiores a 200% e ouve a necessidade de repassar parte desses custos, em torno de 38%, ao consumidor final.
Com informações da Agência Brasil.