Após semestre conturbado diante da crise e do racha do PDT no Ceará, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), Evandro Leitão (PDT) falou, pela primeira vez, sobre a sua condução à frente do Parlamento cearense neste ano em entrevista ao OPINIÃO CE nesta quarta-feira (12). Para o pedetista, em quase 10 anos de Casa, nunca houve situações em que a própria base votasse “com a situação e outra com a oposição”, referindo-se ao PDT de Roberto Cláudio, que tem Cláudio Pinho, Queiroz Filho e Antônio Henrique como aliados. Apesar da turbulência, Evandro avalia os primeiros seis meses como momento “atípico, mas com saldo positivo”.
O presidente da casa comemorou a aprovação de matérias importantes para a população cearense.
“Aprovamos muitas matérias importantes. Hoje, por exemplo, aprovamos uma matéria superimportante e eu sempre digo que é justamente aí que está a diferença dos nossos gestores: o gestor tem que governar para aquele que mais precisa, aquele que é mais vulnerável. (…) Sem sombra de dúvidas impactará na vida de milhares de pessoas”, salientou Evandro, em relação à recente aprovação sobre empregos no Ceará.
Na última quarta, os deputados estaduais aprovaram mensagem do governador Elmano de Freitas (PT), que garante prioridade a beneficiários do Cadastro Único (CadÚnico) e Bolsa Família no preenchimento de vagas de empregos no Ceará. No projeto apreciado na Assembleia, o Governo do Ceará avalio ser inegável a importância do programa Bolsa Família para milhares de brasileiros em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
“Se nós fizermos um apanhado desde o início de fevereiro – início dos trabalhos desta Casa – foi positivo, mas é óbvio que há uma ou outra fala que passa do ponto. Nossa posição é de justamente fazer a mediação desses conflitos, tentando baixar a poeira para termos um alinhamento respeitoso, mas não político”, complementa Evandro.
SUSPENSÃO DE ATENDIMENTOS DO CRIO
Na plenária, o presidente da casa criticou a gestão do correligionário José Sarto (PDT) após, segundo ele, “suspensão dos atendimentos do Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio), em Fortaleza, a novos pacientes com câncer devido à redução de repasses por parte da Prefeitura de Fortaleza”.
Em suas redes sociais, o pedetista foi mais enfático sobre a denúncia. “O Crio é referência para o tratamento do câncer em todo o Ceará. O descaso com pessoas que passam por uma situação tão delicada, negando-lhes a oportunidade de cuidado e cura, é cruel e insensível. Somos solidários com os profissionais do Crio e com todos aqueles e aquelas que serão afetados com a decisão”, escreveu o parlamentar.
Não é a primeira vez que Evandro questiona e critica a gestão municipal. Neste ano, o pedetista também disse ser contra ao pagamento da taxa do lixo. “Sou contrário a mais um imposto para a população cearense”, disse. Sarto deve pleitear a reeleição em 2024 e está ligado ao grupo político do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT). Evandro, por sua vez, já chegou a receber convite de filiação do PT com forte ligação do Cid Gomes (PDT).
EX-PREFEITO SAI EM DEFESA DA ATUAL GESTÃO
Médico e ex-prefeito da Capital, Roberto Cláudio escreveu em suas redes sociais que o problema de tratamento dos pacientes com câncer é um dos grandes desafios para a saúde dos cearenses. Hoje, segundo ele, 60% dos atendimentos oncológicos que a Prefeitura Municipal de Fortaleza faz com seus próprios recursos são para irmãos e irmãs do Interior do Estado. Isso acontece exatamente “por causa da absoluta falta de assistência na maior parte do nosso Interior, mesmo em grandes municípios e cidades sedes de regiões de saúde”, atacou RC.
E completou: “O Governo do Ceará precisa priorizar e se importar mais com a saúde dos irmãos do Interior e da Capital. Precisa de menos discurso, mais ação e mais parceira na área da saúde com todos os municípios do Ceará, inclusive com Fortaleza”, escreveu o pedetista.
Em nota enviada ao OPINIÃO CE, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que Fortaleza concentra sete de nove estabelecimentos habilitados para tratamentos oncológicos no Ceará, o que corresponde a 84% do atendimento estadual.
“Atualmente, 60% da demanda atendida na Capital vem do interior do Estado. Conforme normativa que regula a Oncologia, deveria existir um estabelecimento para cada 500 mil habitantes, assim, para atender à demanda, seria necessária a abertura de mais nove unidades no Estado”, destaca a pasta.
Financeiramente, ainda segundo a nota, Fortaleza tem a garantia de “R$ 100 milhões anuais, advindos de um recente aporte do Ministério da Saúde, porém, a capital custeia R$ 160 milhões anuais. Neste contexto, há um subfinaciamento e necessidade de repasses de mais recursos”.