O presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, deputado estadual Evandro Leitão, anunciou em sessão plenária movimentada nesta terça-feira, 29, sua desfiliação do PDT. “Me sinto, em alguns momentos, desrespeitado. Me sinto, assim como me senti no ano passado, perseguido, agora novamente”, reiterou Evandro. O parlamentar recebeu inúmeros discursos de apoio, incluindo de nomes do próprio PDT, como do líder do Governo na Alece, deputado Romeu Aldigueri, dos deputados Sérgio Aguiar, Osmar Baquit, Guilherme Bismarck e Antônio Granja; assim como de outras siglas, como PSD, PL, Avante e, principalmente, do PT, um dos partidos que tenta angariar a ida de Evandro.

“Fica o carinho, a minha gratidão. O que levo do meu partido [PDT] são as coisas boas, o engrandecimento do que repercutiu de bom na minha vida. As coisas pequenas, os dessabores, a gente deixa numa escala lá em baixo. Estou aqui para agradecer, fica minha gratidão ao PDT”, destacou Evandro, ao final do discurso. O presidente, durante apartes e discursos na tribuna, foi apoiado por outros parlamentares.

“A decisão que vossa excelência tomou está mais do que correta. Vocês vão ver o desastre que vai acontecer se o Cid [Gomes] sair da direção estadual do partido em dezembro. Dos 13 deputados do PDT, digo que não ficam mais do que cinco”, frisou Osmar Baquit, apoiando sua ida ao PT. “Defendo que vossa excelência vá para o PT. É onde você deve estar. Se vier no consenso, não só com o PT, mas com os partidos aliados, tenho certeza de que vossa excelência será o próximo prefeito de Fortaleza”, destacou.

Baquit lembrou do processo eleitoral em 2022, quando o ex-governador Camilo Santana (PT) apoiou a ex-pedetista Izolda Cela, sua vice, na ocasião. O PDT, no entanto, lançou a candidatura de Roberto Cláudio. A decisão ocasionou o rompimento histórico entre PT e PDT no Ceará. Baquit também aponta que Evandro estaria sendo perseguido pelas lideranças nacionais do partido, postura reiterada pela deputada Larissa Gaspar (PT). 

Na sexta-feira, 25, o diretório estadual deu aval à saída dele sem perda de mandato, o que é questionado pela direção nacional. “Imagino que não foi uma decisão fácil e desejada, mas foram as ações de seu próprio partido que o levaram a ter essa decisão nesse momento. Queria lamentar a postura dos atuais dirigentes do PDT, que agem conta vossa excelência, num processo notório de perseguição”, disse Gaspar. O líder do bloco governista na Casa, De Assis Diniz, defendeu a entrada de Evandro no PT. “Um quadro que vai trazer muitas experiências para nosso partido, assim espero. Precisamos formar uma aliança forte em Fortaleza. Este é o momento de aglutinar”. De Assis também valorizou outros quadros do partido, como a deputada Larissa Gaspar, a deputada federal Luizianne Lins – que lançou sua pré-candidatura – e o presidente do PT Fortaleza, Guilherme Sampaio.

Também presente no Plenário, deputados mais próximos de Sarto, como o ex-presidente da Câmara Municipal, Antônio Henrique (PDT), usaram o tempo para reforçar ações de Sarto à frente da gestão municipal. O PDT tem três deputados ligados a Sarto e Roberto Cláudio na Alece, que compõem hoje a oposição a Elmano: Antônio Henrique, Cláudio Pinho e Queiroz Filho.

PREFEITURA DE FORTALEZA

Sem espaço no PDT para lançar candidatura à Prefeitura de Fortaleza em 2024 – o partido deve apoiar a reeleição de José Sarto (PDT) -, o presidente da Casa recebeu, na última sexta-feira, 25, anuência da direção estadual para deixar a sigla. Evandro participou do encontro, encabeçado pelo senador Cid Gomes, por videochamada. Fez um discurso em que agradeceu ao PDT, destacou a importância do partido para sua trajetória política e pediu a anuência para deixar a sigla e seguir novos planos.

Segundo o deputado federal André Figueiredo, presidente nacional e estadual (licenciado) do PDT, no entanto, a Direção Nacional do partido proíbe qualquer carta de anuência. O PDT nacional deve judicializar o processo. Evandro também é cortejado por outras siglas. “Vamos trabalhar para ele ser candidato a prefeito pelo PSB”, destacou Eudoro Santana em cerimônia de posse na presidência estadual do PSB, no sábado, 26. Questionado sobre a definição sobre seu destino partidário, Evandro desconversa: “estamos avaliando”, diz.