Uma das vozes mais potentes contra a articulação política do governo Lula no Congresso, crítica à derrota em votações como as da saidinha de presos e das fake news contra o sistema eleitoral, não foi ouvida na oposição. Não foi de nenhum figurante de ato bolsonarista. Não foi de nenhum pseudopolítico com viés fascista. Foi de um parlamentar que, em tese, é aliado do presidente da República – até ministro chegou a ser: o cearense Eunício Oliveira (MDB). Disse ele: “Votei contra as fake news, mas infelizmente a desarticulação dos líderes do governo fez com que o governo obtivesse apenas 143 votos dos 594 do Congresso, impedindo que essa infâmia se tornasse crime de uma vez por todas. Um absurdo!” Ele pode até ter votado pela derrubada do veto de Jair Bolsonaro, mas não deve ter se mexido para convencer os demais do perigo que a “infâmia”, o tal “absurdo”, representa para a Democracia. Afinal, 23 integrantes do partido de Eunício Oliveira – no qual ele exerce liderança incontestável – votaram pela manutenção. Se tivesse tentado convencer os demais, buscando mudar os rumos dos votos e impedir a derrota, poderia ter ajudado a escrever uma história diferente. O fato é que, na cena política, onde tudo se sabe, tudo se vê e nada se esconde, há quem diga que o ataque virulento de Eunício à articulação é coisa de “alma querendo reza”.
Teu passado te condena
Eunício Lopes de Oliveira, a quem o ex-prefeito Juraci Magalhães chamava jocosamente de “ELO”, era senador quando a presidenta Dilma Rousseff foi vítima de impeachment planejado e executado pelo vice-presidente, Michel Temer (MDB-SP) e pelo então deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ). Faziam o que Eunício deve achar que é “articulação”.
Fazendo de novo
Assim como agora ataca a articulação de Lula, criticou Dilma – assumindo a tese das “pedaladas fiscais” e chamando-as de “manobras”. E espetou: “a Democracia não pode ser exercida de forma autoritária, mas a partir de diálogo com os setores organizados da sociedade”
Eunício sendo ele mesmo
Falando como adversário, tascou essa: “A crise econômica enfraquece o governo, (…) incapacitado de persuadir a sociedade. Hoje, é preciso reconquistar a confiança dos empresários, trabalhadores e da juventude. É um erro acreditar que, largados à própria sorte, os conflitos se reconciliam e as demandas se reequilibram”. Em seguida, foi eleito presidente do Senado. E, em 2018, tentou se reeleger ao cargo, mas foi derrotado por Luís Eduardo Girão.
Justiça
A Câmara de Fortaleza receberá o ministro do STF Flávio Dino, ex-ministro da Justiça. Na próxima sexta-feira (7), ele fará a conferência magna do Fórum Municipal de Segurança Pública, acompanhado do ministro do STJ Joel Ilan. Será no hotel Mareiro (Av. Beira Mar), a partir das 9h30min.
Pedais
A Prefeitura de Fortaleza quer contratar de startup projeto para enfrentar o “desafio de encorajar práticas de ciclomobilidade a partir de soluções urbanas”. A conta, até R$ 211 mil, será paga pela Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação (Citinova). O Município poderia começar tapando buracos de ciclovias e ciclofaixas e pintando a sinalização, né?