Levantamento cita sustento vindo de previdências privada e do INSS, mostrando que há mudanças em torno da categoria econômica a que aposentados pertencem

A pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o Datafolha, mostra que há segmentação de recursos para a sobrevivência de brasileiros aposentados.
Uma das constatações é a de que a previdência privada está presente nos lares de 3% dos aposentados no Brasil – o grupo tem a modalidade como parte do sustento.
De acordo com a Anbima, para 55% dos que não se aposentaram, a renda quando pararem de trabalhar virá do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), com pequena variação entre a classe C (58%) e a D/E (56%). Nas classes A e B, o percentual foi 48%. Entre os não aposentados, 20% apontaram que o sustento na aposentadoria virá do próprio trabalho, mostrando que muitos não pensam em sair da ativa, acrescentou a entidade.
Apenas 10% dos entrevistados indicaram que o sustento virá de aplicações financeiras, sendo o percentual bem maior nas classes A/B (22%), menor para classe C (8%) e menor ainda para as D/E (2%). A previdência complementar à pública também aparece como opção pouco popular entre os não aposentados: somente 5% dessas pessoas a citou como sustento no período futuro de aposentadoria.
Os recursos do INSS são a fonte de renda de 92% dos aposentados brasileiros. Segundo a Anbima, o percentual de aposentados que recorrem à previdência complementar é o mesmo dos que vivem de salário próprio ou de suas empresas (3%), o que quer dizer que ainda há uma parcela de aposentados que trabalha.
VINDOS DA FAMÍLIA
Recursos provenientes da família ou filhos foram citados por 2% dos aposentados. Rendas de pensão, aluguel de imóveis e aplicações financeiras contribuem para 1% dos aposentados, cada modalidade.
Segundo o superintendente de Comunicação, Certificação e Educação de Investidores da Anbima, Marcelo Billi, um dos fatores que levam à baixa adesão à previdência privada, apesar de benefícios tributários e a possibilidade de contribuição das empresas para aposentadoria dos empregados, é que os brasileiros não conseguem separar renda para investir.
“Uma pequena parcela da população consegue poupar. Cerca de 70% da população não consegue fazer sobrar renda no fim do mês. Dos 31% que tinham algum investimento no final de 2021, só 6% conseguiram fazer uma aplicação naquele ano.” O gestor acrescenta que a crise gerada pela pandemia tornou ainda mais difícil separar renda para o futuro. “Há, portanto, um fator conjuntural, com perda de renda pelos brasileiros, e um comportamental, que é não pensar no futuro.”
Na análise por classe social, a dependência do INSS é semelhante entre a A/B (94%) e a C (93%), enquanto o índice da D/E ficou um pouco menor (89%). Porém, diz a Anbima, as pessoas das classes A e B são mais adeptas da previdência privada (8%) do que as da C (3%) e da D e E (1%) e ainda contam com a renda de seus salários ou empresas (5%), proporção menor entre os grupos da classe C (3%) e D/E (3%). (Agência Brasil)