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20 de abril de 2025

Estratégia de combate ao Aedes criada pela Fiocruz vira política nacional de saúde

Inicialmente, as estações disseminadoras de larvicidas serão instaladas em 15 cidades
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Foto: Reuters/Paulo Whitaker

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A estratégia criada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para combater o mosquito Aedes aegypti, vetor de arboviroses como dengue, zika e chikungunya, foi ampliada pelo Ministério da Saúde. A expectativa é de que a transformação da medida em política pública de abrangência nacional contribua para reduzir as populações do inseto, principalmente em cidades maiores.

A estratégia envolve as chamadas estações disseminadoras de larvicidas (EDLs). Em busca de um local para depositar seus ovos, as fêmeas do Aedes aegypti se sentem atraídas. No entanto, antes de alcançarem a água, elas são surpreendidas por um tecido sintético que recobre os potes e que está impregnado do larvicida piriproxifeno. A substância acaba aderindo ao corpo das fêmeas que pousam na armadilha. Dessa forma, elas mesmas levarão o larvicida para os próximos criadouros que encontrarem, afetando o desenvolvimento dos ovos e as larvas ali depositados.

De acordo com nota publicada pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, o fluxo para a adoção das EDLs envolve cinco etapas: manifestação de interesse do município, assinatura de acordo de cooperação técnica com a pasta e com a Fiocruz, validação da estratégia com a secretaria de saúde do respectivo estado, realização de capacitações com os agentes locais e monitoramento da implementação.

ESCOLHA

Nos próximos meses, a estratégia deverá ser expandida gradativamente pelo País, levando em conta a capacidade dos estados e municípios. Inicialmente, esse trabalho contempla 15 cidades – ainda não foram detalhadas quais as cidades. Elas foram escolhidas com base em alguns critérios: população superior à 100 mil habitantes; alta notificação de casos de dengue, chikungunya e zika nos dois últimos anos; alta infestação por Aedes aegypti; e disponibilidade de equipe técnica operacional de campo.

De acordo com os pesquisadores, as fêmeas visitam muitos criadouros, colocando poucos ovos em cada um. Os estudos mostraram que aquelas que pousam na armadilha, acabam disseminando o larvicida em um raio que pode variar entre 3 e 400 metros. Além disso, os pesquisadores consideram que a estratégia permite superar algumas barreiras enfrentadas por outros métodos de combate às populações de mosquitos.

Como é o próprio inseto que propaga o larvicida, é possível alcançar criadouros situados em locais inacessíveis e indetectáveis, como dentro de imóveis fechados e em áreas de difícil acesso nas comunidades com urbanização precária. A estratégia também se mostrou propícia para galpões de catadores de materiais recicláveis, onde há muitos recipientes com condições de acumular água parada que nem sempre são facilmente encontrados. 

No ano passado, as EDLs já haviam sido citadas em outra nota informativa do Ministério da Saúde que recomendou a adoção de cinco novas tecnologias no enfrentamento às arboviroses em municípios acima de 100 mil habitantes. A nota ainda pontuava o uso de outras quatro tecnologias. A ‘ovitrampas’, a borrifação residual intradomiciliar, o método Wolbachia e a técnica do inseto estéril por irradiação (TIE).

De acordo com o Ministério, a implantação dessas tecnologias exige um plano de ação municipal e uma definição das áreas prioritárias, a partir da prévia identificação das características epidemiológicas e socioambientais de cada território. “Cabe destacar que as metodologias podem ser combinadas entre si, considerando os cenários complexos de transmissão das arboviroses e seus determinantes, objetivando maior efetividade e melhores resultados”, acrescenta o texto.

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