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19 de maio de 2025

Era uma vez um país do futebol: governado por ladrões e comandado por bandidos

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“Moro, num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, mas que beleza”. O nosso genial cantor e compositor Jorge Ben tem razão, a natureza é tão deslumbrante e bela, por aqui, que, em 2012, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se a primeira do mundo a receber o título da Unesco de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural. Mas, a natureza humana parece ter perdido o encanto, só amedronta e aterroriza com as facções, milicianos, fascistas, funcionários públicos e políticos corruptos, desembargadores presos, outros com tornozeleiras eletrônicas, como o ex-presidente Fernando Collor, que, nem me fale. Por sinal, há muito tempo, perguntava-me: “Por que Collor ainda não estava preso?”.

Na semana, em uma rua tradicional, em pleno bairro de Fátima, o muro de casa estava pichado com o nome de uma facção. Sem acreditar, parei e fiquei a observar. Um motorista, ao ver a minha perplexidade, passou e gritou: “Não adianta, meu amigo, eles estão em todos os lugares da cidade e do Brasil”. Na quarta, trafegando pela Via Expressa, há dois ou três quarteirões da Beira Mar, ouvi cinco tiros, em pleno meio da tarde. Parei o carro em um posto e perguntei ao frentista, o que estava acontecendo. “Bala, doutor, muita bala. Desde hoje pela manhã que as facções brigam”. E a polícia não aparece: “Não”. Fiquei ali pensando, há mais de quinze ou vinte anos, que eu alertava aos alunos que Fortaleza seria uma cidade tão violenta quanto o Rio de Janeiro.

Na ocasião, os alunos questionavam: “O senhor não está exagerando, professor?”. Argumentava-lhes que a Loira Desposada do Sol é a mais estratégica, com aeroporto e porto mais próximos da Europa, tem sol ‘o ano todo’, shoppings, carros de luxo, muitos jovens, mar, sertão, e um lugar perfeito para a bandidagem aportar. Dava-lhes também como exemplo, um fato que havia acontecido comigo na “Broadway” maravilhosa e bela de Canoa Quebrada. Matando a saudade dos anos de 1979 e 1986, parei em um antigo barzinho simples que estava um luxo, cujo dono era um gringo. Peguei uma cerveja e fiquei a observar. Uns gringos estranhos começaram a entrar e, logo, percebi não se tratar de uma mera boca de fumo, mas de tráfico.

Um sujeito que estava ao meu lado no balcão também percebeu a movimentação. Entre uma conversa e outra, perguntei-lhe em que trabalhava, e ele disse-me: “Sou promotor público e, hoje, estou comemorando, pois vou ser juiz”. Parabenizei-o e brindamos e disse-lhe, pois é, cada um com a sua droga, e perguntei-lhe: “Diga-me, sendo promotor e, agora, juiz, vendo essa situação do tráfico de drogas por aqui, você não poderia denunciar?”. A resposta foi simples e direta: “Se não houver denúncia, eu não posso fazer nada”. Naquele momento, cá com meus botões, pensei: “Esse país não vai acabar bem? Mas, devo confessar, nunca pensei que o futebol fosse entrar nessa. Com toda essa bandidagem para todos os gostos, – de ricos, pobres, facções, milicianos, e por aí vai, foram inventar de trazer o modelo das Betinternacionais para cá. A Betnacional  abrange muitos esportes como: tênis, vôlei, basquete e futebol.

O futebol, o mais popular e o que circula milhões, “oferece cobertura em campeonatos nacionais e internacionais, odds competitivas e mercados variados para apostas”, ao que parece, começou a chamar a atenção da tFurma da contravenção, inclusive, parece ‘já está atuando’ dentro do VAR, Árbitro Assistente de Vídeo. E afinal, o VAR foi criado para ajudar ou para atrapalhar? O caso do gol do Fortaleza contra o Sport não validado pelo VAR e o juiz, é um escândalo. Com todo respeito aos políticos que têm projetos e lutam pelo bem público, presidentes, treinadores e jogadores de profissão, narradores, comentaristas e amantes do futebol que trabalham e discutem com seriedade, – a coisa está ficando estranha.

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