Na cabeceira da cama, os livros de poemas sempre estão lá. Gosto de poemas, especialmente os curtos e desconcertantes, cujas palavras penetram como faca, cortando a carne e a alma. Quando jovem, até ensaiei o ofício. Gosto muito de ouvir poemas e, por sorte, tenho muitos amigos poetas. Esses geniosinhos da raça que têm o dom da palavra – romancistas, contistas e ensaístas como João Ubaldo Ribeiro, Clarice Lispector e tantos outros. Por falar em Clarice Lispector, ela sentia a dor do mundo dos poetas. Em 1984, no livro “A descoberta do mundo”, escreveu: “Não, não tenho pena dos que morrem de fome. A ira é o que me toma. E acho certo roubar pra comer”. Pois é, já faz um tempinho da alerta de Lispector e nada mudou. Diante de tantas guerras, refugiados pelos quatro cantos do mundo, o sofrimento do povo palestino, o desespero e a humilhação dos imigrantes deportados acorrentados – como não imigrar ou roubar para não morrer de fome? Não tem como não ter insônia e nem deixar de fazer reflexões. Ninguém se torna um imigrante à toa. Existem muitas motivações para que homens e mulheres deixem suas identidades – lares, cidades e países. Os imigrantes, em sua grande maioria, deixam seus lugares de origem pela necessidade financeira, pela fome e miséria, batem em retirada em busca de melhores condições de vida e trabalho. Todos sabem que os imigrantes são os verdadeiros responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento econômico, intelectual e cultural dos EUA. Presidentes, inclusive, são filhos de imigrantes, como o republicano Donald Trump e o democrata Barack Obama. De fato, Trump não é o primeiro presidente norte-americano a deportar imigrantes. No período do governo de Barack Obama, os EUA bateram o recorde com milhares de deportações. No entanto, as deportações realizadas por outros presidentes aconteceriam em aviões comerciais fretados, diferentemente das deportações em aviões militares de carga, como animais sem nenhuma estrutura, feitas pelo governo de Donald. Ao ver os imigrantes descerem com mãos e pés acorrentados, me fez parecer mais escravos desterrados acorrentados saindo de um navio negreiro. Interessante, não houve nenhuma notícia ou imagens de deportações de imigrantes – chineses, russos, indianos e sauditas. Por que hein?! Nos acordos de Oslo de 1993, o democrata Bill Clinton não só reconheceu a Autoridade Palestina como também era a favor da criação do Estado Palestino, formado pelos territórios da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental como capital. Com o republicano Donald e a extrema-direita de volta, a coisa piorou para os palestinos. Não reconhecem a autoridade Palestina e nem a possível existência de Estado Palestino. O empresário Donald e sua ideia de “especulação imobiliária” de criação de um resort à beira-mar em Gaza é afronta e humilha os palestinos. Expulsar os palestinos de Gaza é crime contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional. A Carta da ONU determina que “todos os países devem respeitar a soberania e a integridade territorial de outros países, e estabelece como princípio, evitar o uso da força contra a integridade territorial de outros países”. Na mídia, um ex-embaixador de Israel e analista político alertou: “Não se pode expulsar 2.300 mil pessoas sem o consentimento delas. Tirá-las a força é limpeza étnica”. Já não bastou a violência e tentativa de genocídio contra o povo palestino? Agora é limpeza étnica à vista?! Cadê a ONU?
Elmano fura bolha dos diretos humanos e apoia uso da força na ação da polícia contra bandidos
Depois que os bandidos ligados a facções se uniram a empresários, as ações ganharam mais espaços na mídia policial