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11 de fevereiro de 2025

Enel lança programa de contratação de eletricistas e destaca presença de mulheres no setor

A empresa lançou a ação nesta quinta-feira (11), em solenidade realizada na sede de Jacarecanga da empresa e que contou com a presença do presidente da Enel Ceará, Dr Nunes, do presidente da Enel Brasil, Antonio Scala, e da vice-governadora Jade Romero
Dos estados onde a Enel atua, o Ceará possui 30 das 60 eletricistas mulheres contratadas pela empresa. Foto: Felipe Barreto

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A Enel lançou, na manhã desta quinta-feira (11), o programa “Enel Com Você”, que prevê a contratação e qualificação de novos profissionais eletricistas. Conforme a empresa, serão 1.800 novos profissionais em um período de três anos, de 2024 a 2026. Neste ano, o número de contratações já está em quase 400 e chegará a até 530, de acordo com a Enel. Na ocasião, ganhou destaque a contratação de eletricistas mulheres, já que a Enel Ceará possui 30 das 60 eletricistas mulheres contratadas pela empresa em todos os estados em que ela faz fornecimento de serviço de energia elétrica.

Estiveram presentes na solenidade os presidentes da Enel no Ceará, José Nunes Almeida Neto, o Dr Nunes; e no Brasil, Antonio Scala. Além deles, a vice-governadora e secretária estadual das Mulheres, Jade Romero (MDB), participou do momento. 

Segundo Dr Nunes, o programa lançado no evento traz à Enel Ceará estratégia de “insourcing”, que diz respeito à internalização da mão-de-obra de um determinado serviço. Na empresa de concessão de energia elétrica, o serviço emergencial ao cliente, se uma vez realizado por profissionais de empresas parceiras, passará a ser realizado por profissionais próprios da companhia. Além disso, ele destaca o processo de qualificação, por meio de uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Presidente da Enel Ceará, Dr Nunes. Foto: Felipe Barreto/OPINIÃO CE

A Enel vem de um início de ano conturbado. Na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), foi realizada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para analisar os serviços prestados pela companhia no Estado. O relatório final, entregue pelo relator deputado estadual Guilherme Landim (PDT), pedia a quebra do contrato de concessão da empresa com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Desde abril como presidente, Dr Nunes já anunciou alguns investimentos, em ações que visam mudar a visão do cliente em relação ao serviço prestado.

“Estamos em busca de uma reversão. Percebo assim também [uma reversão] e temos mensurações disso. Já estamos em outro estágio, outro patamar. Esperamos continuar e trabalhamos para isso, incansavelmente, para continuarmos evoluindo neste sentido”, disse, em coletiva.

Leia mais | Presidente da Enel diz ter “grande evolução” em conversas com entidades do poder público

MULHERES ELETRICISTAS

Outro destaque relatado pelo presidente foi a contratação de mulheres para a empresa. “Estou muito orgulhoso da quebra de paradigmas com as mulheres eletricistas, que passam a fazer a diferença. Nosso setor é, historicamente, muito masculinizado e a sociedade assim percebe”, disse. “Tivemos, recentemente, uma ocorrência em que chegou uma equipe de mulheres em um cliente, e recebemos um telefonema: “vão vir os eletricistas?”. Respondemos que já estavam lá”, completou. “Essa quebra de paradigma é importante para o setor e para a sociedade”, acrescentou, lembrando que a Enel também possui mulheres no Comitê Gerativo, algo que, segundo ele, faz a diferença.

A vice-governadora Jade Romero, em sua fala, destacou que não há atividades de homens ou atividades de mulheres. “O que há são sonhos, atividades e oportunidades para pessoas. Vocês, meninas, mulheres eletricistas, se somam a esse esforço para dizer que nós, meninas e mulheres, subimos sim em postes, nós chegamos ao parlamento, nós chegamos à Vice-Governadoria, Secretarias de Estado, somos comunicadoras, apresentadoras, enfim, podemos ser e sonhar aquilo que nós desejamos”.

“Se isso fizer sentido para nós, que a sociedade esteja pronta, seja justa, responsável e nos dê toda a dignidade para executar nosso trabalho onde a gente quiser e sonhar”, completou.

Vice-governadora e secretária estadual das Mulheres, Jade Romero, tirando selfie com eletricistas mulheres. Foto: Felipe Barreto

A também secretária estadual das Mulheres completou, dizendo que as eletricistas da Enel não estão apenas rompendo barreiras e paradigmas do machismo da profissão, mas ajudam e constroem a “tão sonhada política de mulheres”. “Vocês constroem conosco a equidade de gênero quando fazem a opção e demonstram toda a força e dedicação do nosso povo estando nessa área”.

Durante o evento, uma eletricista emergencial há pouco mais de um ano na empresa, Ana Cecília Rodrigues, falou da importância desse espaço. “Estou muito grata de estar dando voz para toda uma categoria, principalmente as meninas. Nós, mulheres, não estamos aqui no mercado de trabalho para tomar o lugar dos homens, estamos aqui para somar com vocês”.

“Além da gratidão, tenho um senso de pertencimento. Sempre fui um pouco contrafluxo, sempre gostei de coisas técnicas e me sentia deslocada. Hoje, tenho esse senso de pertencimento e sou muito grata a tudo. Falando em nome de todos, homens e mulheres, estamos comprometidos a trabalhar com segurança e excelência para levar energia com qualidade para todos nossos clientes do Ceará”, completou.

EQUIPE PINK

Cecília citou ainda a “Equipe Pink”, grupo de três mulheres eletricistas da base do Jacarecanga – Ailane Rodrigues, Nayane Cavalcante e Antoniza Souza -, criado no ano passado e que realiza serviços emergenciais aos clientes. O OPINIÃO CE conversou com as integrantes do grupo. 

Segundo Antoniza, a Equipe Pink foi criada há um ano, poucos meses após a entrada das eletricistas. No início, elas realizavam o trabalho em campo junto dos homens, mas a base Jacarecanga e seus operadores resolveram criar a equipe feminina. “No começo, éramos quatro mulheres, mas uma delas saiu para outra base, a Franciana, e ficamos nós três em campo”, lembrou. “Trabalhamos emergencial, em um caminhão. Ele não é rosa ainda”, brincou. “Somente eu não dirijo, as outras duas dirigem, e o resto do trabalho todas fazemos juntas”, completou.

“Quando iniciamos, começamos a trabalhar com os meninos, em equipes mistas. Depois, surgiu essa história de compormos uma equipe 100% feminina. Se a gente precisar de apoio a gente pede a eles, e se eles precisarem também, eles chegam até a gente e pedem. Nós trabalhamos em equipe”, reforçou Nayane.

O grupo não possui uma coordenação fixa. O trabalho e as decisões são tomados em conjunto. “Qualquer dúvida que temos debatemos uma com a outra, ligamos para a supervisão para nos dar um apoio, e assim a gente está mostrando que viemos para somar com os meninos. Nós temos capacidade, sim, de atender aos clientes, de fazer o mesmo serviço que eles fazem”, afirmou Antoniza.

Antoniza, Nayane e Ailane, respectivamente da esquerda para a direita. Foto: Felipe Barreto

Segundo Ailane, as mulheres estão lutando pela igualdade no espaço de trabalho com os homens. “O espaço foi aberto. Nos cabe sabermos manter a convivência e o respeito, além de prestar o serviço de qualidade”. A eletricista destaca que também são clientes e, portanto, precisam dar o seu melhor, acrescentando que o trabalho delas visa mudar um cenário machista e quebrar o paradigma de que as mulheres não podem fazer algo por ser “masculino”. “A gente está aqui para mudar e transformar [esse cenário], e mostrar que somos capazes de tudo aquilo que a gente quer”.

Ela destacou que inicialmente o machismo estava mais presente na área do trabalho, mas que hoje já se tem percebido uma mudança. “Aqui na base, pelo menos, os meninos respeitam muito a gente, sempre foram muito a favor, sempre apoiaram, incentivaram, internamente não tivemos essa dificuldade”, pontuou. “Às vezes, [sofremos machismo] mais em campo atendendo algum cliente. Mas depois que a gente ‘devolve a luz’, como dizemos, ficam satisfeitos, agradecem e veem o tanto de capacidade que temos guardada para dar”.

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