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17 de janeiro de 2025

Empréstimos e crise hídrica gerarão aumento de energia no Ceará

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Três principais motivos para aumento, que deve ser acima dos 10% têm a ver com crise hídrica, dívidas acumuladas pela Aneel junto a distribuidoras e compra de energia termelétrica

Priscila Baima
priscila.baima@opiniaoce.com.br

Aumento na conta de energia vai começar no próximo mês (Foto: Natinho Rodrigues)

A energia elétrica deve passar por reajuste no dia 22 do próximo mês. Os três principais motivos para o aumento, que deve ser acima dos 10% – segundo o Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia-CE) – têm a ver com a crise hídrica no último ano, as dívidas acumuladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) junto às distribuidoras e com a compra de energia termelétrica para suprir a demanda de energia no período de maior escassez no ano passado.

No último dia 15, a agência aprovou um empréstimo de até R$ 10,5 bilhões para empresas do setor elétrico. O recurso tem como finalidade cobrir os custos ainda não pagos da crise energética de 2021 e reduzir a alta da energia neste ano. Essa conta deverá chegar para os consumidores a partir de 2023.

No entanto, ainda em 2022, a conta de energia já deve sofrer um reajuste considerável. O empréstimo será concedido às empresas em duas partes. O financiamento, levantado junto a bancos públicos e privados, será pago pelos consumidores com juros em encargo que será acrescentado à conta de luz.

A primeira parte do empréstimo, de R$ 5,3 bilhões, já foi aprovada pela agência. Ela deverá cobrir o saldo negativo das bandeiras tarifárias que não arrecadaram o suficiente (R$ 540 milhões), o custo do bônus pago aos consumidores que economizaram energia no fim do ano passado (R$ 1,68 bilhão), a postergação de cobranças pelas distribuidoras (R$ 2,33 bilhões) e a importação de energia, entre julho e agosto do ano passado (R$ 790 milhões).

O restante do recurso ainda deverá ser aprovado pela Aneel em consulta pública que ainda não tem data prevista. O empréstimo ao setor elétrico foi possibilitado por medida provisória e decreto editados pelo Governo Federal. O objetivo é diluir os custos que ainda não foram pagos pela crise energética de 2021 por um período maior de tempo.

IMPACTO DIRETO
Com o financiamento, os consumidores não sentirão o impacto direto das cobranças ainda não pagas do ano passado no ano de 2022. Mas, como recairão juros sobre a operação financeira, a conta acabará saindo mais cara. O presidente do Sindienergia-CE, Luis Carlos Queiroz, explica que o Brasil ainda é muito dependente da geração de energia advinda das hidrelétricas e o aumento é comum de acontecer por algumas razões.

“Hoje, as energias solares e eólicas representam, juntas, 13,8% na nossa matriz energética, e cerca de 57% da energia gerada no País ainda advém das hidrelétricas, uma fonte de energia limpa, mas limitada e dependente de boas chuvas.”

Se confirmado o percentual médio, de 11%, será o maior em seis anos. Procurada pelo OPINIÃO CE, a Enel não respondeu a confirmação do aumento da conta de energia em abril no Ceará até o fechamento desta edição.

Na análise da somatória da Tarifa de Energia (TE), que é o valor da energia consumida nas residências mensalmente em reais por kilowatt/hora (R$/kWh.) junto com a Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD), valor em R$/kWh, referente ao uso do sistema de distribuição de energia elétrica das residências, 2021 teve aumento de 7,19%.

SEM ALTERNATIVAS
Ainda segundo o presidente, a solução – a longo prazo – para evitar futuros aumentos na conta de luz seria a partir do “desenvolvimento das energias renováveis e abundantes – como eólica e solar – e a ampla disseminação no país para contribuir para resolver, de fato, essa situação da matriz energética brasileira, que hoje ainda é bem concentrada nas hidrelétricas”.

Para Luiz Antônio Trotta Miranda, diretor administrativo financeiro da Distribuidora Cummins Diesel do Nordeste (DCDN), empresa especializada no desenvolvimento e gestão de projetos em energia, o aumento é inevitável. “Nós já estamos com a bandeira de escassez hídrica, ainda assim não foi suficiente.

Quando se onera energia elétrica, você acaba onerando desde a produção do produto final até a sua distribuição (atacado e varejo) até chegar no consumidor final em que, além de pagar um produto mais caro na prateleira, está com custo maior na sua energia em casa. É um impacto muito grande”, avalia.

Trotta concorda que a produção de energias renováveis ainda é muito baixa no país e que vai demorar muito tempo para que a solar e a eólica tenham força. “A energia eólica no Ceará, por exemplo, depende do período do ano. O mês de outubro é mais importante na geração de energia eólica. Com isso, o sistema pode desafogar, mas nesta época do ano, em que temos poucos ventos ao redor do Brasil, faz com que a geração eólica caia e aumente a de geração hídrica e a de geração térmica”, enfatiza o diretor da DCDN.

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