A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), responsável pelas obras da Transnordestina, solicitou a liberação de dinheiro público para realizar a conclusão da ferrovia, considerada importante para o desenvolvimento econômico do Ceará e de outros estados do Nordeste. O tema foi discutido nesta terça-feira, 15, em reunião da Comissão de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados. Detentora da concessão da obra, a Companhia deverá custear R$ 3 bilhões dos R$ 7,8 bilhões necessários para finalizar o projeto.
As estimativas foram feitas pelo presidente da Transnordestina Logística (TLSA) – concessionária controlada pela CSN -, Tufi Daher Filho, responsável pelas obras que vão conectar o Piauí ao Porto de Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza, chamado de “L invertido”. Conforme informou Daher, os recursos restantes para finalizar o projeto viriam de operações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no valor de R$ 600 milhões; e com o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) – R$ 811 milhões já previstos e um adicional de R$ 3,5 bilhões.
“O nosso apelo é que se libere esses recursos, porque a cada mês que se passa, só a correção desse dinheiro parado é mais de R$ 8 milhões por mês, que poderiam estar sendo aplicados na ferrovia. […] Não tem empresário no Brasil, em nenhum tempo, que colocou um dinheiro desse tamanho para constituir uma ferrovia, o que no meu entender deveria ser feito pelo Estado e depois concedido à iniciativa privada”, pontuou o presidente.
O executivo observou que a Companhia é responsável por 81% do financiamento da Transnordestina, que já consumiu R$ 9 bilhões. Segundo ele, desse montante, os recursos públicos responderam por R$ 1,7 bilhões, sendo R$ 1,2 bilhões para corrigir o valor do FDNE e R$ 500 milhões do Fundo de Investimento do Nordeste (Finor). Ao afirmar que a ferrovia tem um dos menores custos por quilômetro do mundo, Daher informou que a CSN também vai pleitear a carência de cinco anos para pagamento de suas dívidas junto aos fundos de investimento. O objetivo é concentrar as próximas inversões nas obras, e não na amortização de dívidas.
O diretor de gestão de fundos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Heitor Freire, ex-deputado federal cearense pelo PL, informou que foram liberados até o momento R$ 3 bilhões do total de R$ 3,8 bilhões aprovados pelo FNDE, com saldo restante de R$ 811 milhões. Sobre a liberação desse saldo, Freire comunicou que “o Banco do Nordeste está emitindo um parecer a Sudene”, que será avaliado pelo corpo técnico da Superintendência.
EXPECTATIVA
A retomada da obra foi anunciada pelo Governo Federal na semana passada, dentro do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que também resgata o projeto da duplicação da BR-116. Após encontro com o ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes (PDT), o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), comentou as expectativas para sobre as obras. O edital de licitação para a duplicação da BR, por exemplo, foi publicado nesta quarta-feira, 16.
“Já temos a licitação e isso vai gerar muito emprego para o povo do Ceará, assim como já temos a Transnordestina. Estamos definindo a forma de financiamento para a obra [da ferrovia] ser retomada com mais vigor, para que ela possa gerar cerca de 7 mil empregos para o Estado”, assegurou.
Durante sessão plenária da Assembleia Legislativa do Ceará desta quarta-feira, 16, o deputado Romeu Aldigueri (PDT), líder do Governo na Alece, também comemorou o lançamento do novo PAC e ressaltou a continuidade das construções no Ceará. “Em breve, voltaremos a transportar cargas pela nossa malha ferroviária e a duplicação da nossa BR-116, que começará no eixo Pacajus, Chorozinho e Boqueirão do Cesário. Ou seja, mais obras, mais conforto e melhorias para nossa trafegabilidade”, disse.