A cerimônia de abertura de um dos maiores eventos esportivos, a Copa do Mundo, acontece domingo, 20. Dua Lipa foi às redes sociais neste fim de semana negar que vá fazer parte da apresentação e aproveitou para criticar a realização do campeonato na capital do Egito. “Vou torcer pela Inglaterra de longe e espero visitar o Qatar quando eles cumprirem todas as promessas relativas aos direitos humanos que eles fizeram quando ganharam o direito de sediar a Copa.”
O evento vai contar com a apresentação dos artistas Trinidad Cardona, Davido e Aisha, que cantam a música “Hayya Hayya”, uma das trilhas sonoras oficiais do mundial de seleções. O porto-riquenho Ozuna e o congolês GIMS, que, ao lado do norte-americano Redfoo, assinam a letra de “Arhbo”, também devem ser atração no dia.
A cerimônia será realizada no estádio Al Bayt, que tem capacidade para 60 mil pessoas. Apesar da ansiedade pelo início da Copa do Mundo, marcado pela cerimônia de abertura, a escolha do Catar é alvo de críticas e polêmicas desde que o país foi nomeado sede do torneio, em dezembro de 2010.
Em detrimento dos Estados Unidos, o Catar foi escolhido como organizador da Copa do Mundo de 2022 durante a quarta rodada de votação do Conselho Executivo da Federação Internacional das Associações de Futebol (Fifa).
AS CRÍTICAS
O pequeno tamanho do país, de 2,4 milhões de habitantes, a ausência de grandes estádios e sua pouca tradição esportiva, somados ao forte calor no verão, foram os pontos mais criticados inicialmente por outras nações. Antes mesmo do fim da votação, a imprensa britânica (The Sunday Times, BBC) fez acusações de corrupção ao país.
Em agosto de 2012, a Câmara de Instrução do Comitê de Ética da Fifa iniciou uma investigação sobre o processo de atribuição da sede dos mundiais de 2018, na Rússia, e de 2022. Em novembro de 2014, após a entrega do relatório da investigação, não foi reconhecida nenhuma prova de corrupção, apenas de “conduta duvidosa”.
A justiça suíça investiga, desde maio de 2015, esquemas de lavagem de dinheiro e gestão desleal na escolha do país como sede. Em paralelo, a justiça francesa investiga, por suspeita de corrupção ativa e passiva, um encontro em 23 de novembro de 2010 entre Nicolas Sarkozy, então presidente da França, dois dirigentes do Catar e Michel Platini, então presidente da União das Associações Europeias de Futebol (Uefa).
As condições de trabalho nas obras ligadas ao evento também geram escândalos na escolha do Catar como sede da Copa. Em setembro de 2013, o jornal britânico “The Guardian” publicou um dossiê sobre as condições de trabalho nas obras no Catar para a organização do torneio, falando de uma exploração dos trabalhadores migrantes que poderia ser chamada de “escravidão moderna.” Desde 2015, vários veículos de imprensa e ONGs também denunciaram um grande número de mortos nas obras realizadas no Catar.
No ano passado, o “The Guardian” novamente publicou que ao menos 6,5 mil trabalhadores imigrantes morreram no Catar desde o início das obras para sediar a competição de futebol.
Segundo a reportagem, dois milhões de pessoas se mudaram para o país em busca de oportunidade de trabalho após o anúncio do emirado como anfitrião do mundial de 2022. O relatório afirma que, mesmo alarmantes, os números ainda podem ser maiores devido à subnotificação de casos que já ocorrem há uma década.
A reportagem aponta que pessoas que chegaram ao local da península árabe oriundos de Paquistão, Índia, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka concentram a maioria dos óbitos. A totalidade de mortes seria maior caso houvesse os dados precisos de imigrantes de outros países que se dirigiram ao Catar para obras da Copa do Mundo, como Filipinas e Quênia.
A denúncia do veículo inglês aponta que a principal indicação dos óbitos se dá por ‘causas naturais’, normalmente por insuficiência cardíaca ou respiratória. Há ainda diversos casos de lesões geradas por quedas de grandes alturas e até mesmo suicídios.
Além disso, o governo do país também é alvo de críticas e de manifestações do mundo do futebol por conta de violações de Direitos Humanos. No Catar, homossexuais recebem pena de morte e mulheres possuem um rígido sistema de tutela. Em março de 2021, o jogador Toni Kroos falou sobre a realização da Copa no emirado.
O alemão optou por não jogar o torneio e se aposentou da seleção. “Considero que a atribuição do Catar como sede do Mundial não foi algo bom. A primeira razão é a condição dos trabalhadores. Depois, a homossexualidade é criminalizada e punida no Catar”, disse.