Certa vez, em uma turma do pré-vestibular, um aluno perguntou-me: “É verdade, professor, que, nos Estados Unidos, nas aulas de geografia, eles ensinam que o território da Amazônia é uma região internacional?”. Sim, eles argumentam que seria região compartilhada por vários países da América do Sul. Porém, não se engane, o argumento tem outros interesses velados. “Mas a maior parte da Amazônia não é nossa? Mas, isso pode?”. Questionou-me. Não deveria poder, até porque desrespeita a nossa soberania. O Brasil é o celeiro do mundo e a Amazônia, com seus recursos naturais, pela biodiversidade terrestre, pela variedade de minérios, em breve será interesse de dominação dos EUA. O futuro já começou e a história do homem é a história das guerras e das pestes. Nem a pandemia da covid-19 e os milhares de mortos fizeram a humanidade tornar-se mais pacífica, altruísta e generosa. Os homens têm memória curta e seletiva e o que importa mesmo não é a vida, mas os interesses econômicos, e logo vieram as malditas guerras, Rússia versus Ucrânia, o massacre de Israel e o genocídio a céu aberto contra o povo palestino, e por aí vai. No seu discurso de posse, Donald Trump deixou claras suas intenções expansionistas e seus primeiros alvos – anexar o Canal do Panamá, o Golfo do México, que chamou de “Golfo da América”, e o alvo predileto, a Groenlândia, inclusive, não descartou uma possível intervenção militar. Para quem conhece um pouco de história e geopolítica, os três alvos foram e continuam sendo estratégicos. No caso da Groenlândia, a maior ilha do mundo, por sua posição estratégica, já na Segunda Guerra, os EUA criaram uma base para conter o expansionismo nazista. Ela também foi utilizada, no período da Guerra Fria, para o controle das rotas de navegação entre a Europa e a América do Norte. A política de expansão territorial da Rússia e anexação da Ucrânia e a “nova rota da seda” rumo a Europa, geopoliticamente idealizada pelo novo imperialismo chinês e pelos interesses desses países pelas riquezas minerais da Groenlândia, despertaram os interesses de Trump: “Precisamos por razões econômicas”, ou seja, os minerais valiosos. Os EUA desprezam as energias limpas e renováveis e, na contramão dos outros países, incentivam a exploração de petróleo. A China, por outro lado, busca nas terras raras formas limpas e renováveis de energia. Mas ambos os países têm em comum o interesse pelos minerais da Groenlândia, “cujas características magnéticas peculiares os tornam fundamentais na fabricação de motores de veículos elétricos e de turbinas eólicas”. Se as três potências, EUA, Rússia e China, decidirem pelo domínio da ilha, a coisa vai ficar difícil. Não vai ter Dinamarca que dê jeito. Todos viram e veem as guerras ao vivo e a cores – o massacre russo sobre a quase extinta Ucrânia e os bombardeios israelenses sobre civis, hospitais, escolas e morte de quase 50 mil palestinos. O que fez a ONU? E a soberania dos países? E por falar em soberania, ao ser questionado por uma repórter se falaria com o presidente Lula e como seria a relação com Brasil e América Latina, Trump respondeu friamente: “Eles precisam de nós muito mais do que nós precisamos deles”. Pois é, o Tio Sam já pintou e bordou muito na América Latina. Inclusive, por aqui, o Tio Sam e o tal do Musk invadiram os computadores do governo e articularam a condenação e a prisão do Lula. Eles sabem também que grande parte do exército brasileiro e da população se submete e bate continência à bandeira deles. Pois é, o Brasil não consegue se impor à presença quase onipresente das big techs e suas fake news ideológicas e políticas no cotidiano das pessoas. A reação do Itamaraty e de alguns diplomatas ao afirmarem que o fato de Trump não ter dado tanta importância ao Brasil seria uma coisa até positiva dá desanimo e vontade de parafrasear o bordão do apresentador Boris Casoy: “Isto é uma vergonha!”.

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