O resultado das eleições da Venezuela, divulgado na madrugada desta segunda-feira (29) pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do País, vem gerando reação da oposição do presidente reeleito Nicolás Maduro e de demais nações. Maduro foi proclamado presidente da Venezuela na tarde desta segunda. O venezuelano assume para o terceiro mandato, até 2031. Mesmo tendo o pleito marcado por uma série de polêmicas, o ditador definiu o resultado como “irreversível”. Durante o discurso, Maduro também afirmou “que não haverá fraqueza” contra adversários.
A primeira manifestação do Governo brasileiro sobre o pleito saiu às 10h45. Por meio do Ministério das Relações Exteriores (MRE), a União afirmou que “acompanha com atenção” o processo de apuração e que aguardará a publicação das atas oficiais.
Há a expectativa de que o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela publique todas as atas com os resultados eleitorais por urna. Com isso, é possível verificar se as atas em mãos do CNE são as mesmas impressas na hora da votação e que foram distribuídas aos fiscais da oposição ou aos observadores nacionais e internacionais. Ainda na nota, o MRE reafirma o princípio fundamental da soberania popular, desde que seja verificada a imparcialidade dos resultados. A soberania popular diz respeito ao direito do povo de se autogovernar, na escolha direta ou indireta de seus representantes, seus governantes e do Governo.
A nota na íntegra:
O governo brasileiro saúda o caráter pacífico da jornada eleitoral de ontem na Venezuela e acompanha com atenção o processo de apuração. Reafirma ainda o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados. Aguarda, nesse contexto, a publicação pelo Conselho Nacional Eleitoral de dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito.
RESULTADO CONTESTADO
Com 80% dos votos apurados, o CNE informou que o presidente Maduro foi reeleito com 51,2% dos votos. O principal candidato da oposição, Edmundo González, teria finalizado o pleito com 44%. O resultado divulgado pelo CNE indicou uma diferença de 704 mil votos entre os dois candidatos. Logo após a divulgação, o presidente discursou em frente à sede do Governo, afirmando que sua vitória era o triunfo “da paz e da estabilidade”. Com a reeleição, Maduro vai permanecer por mais seis anos no poder, chegando a um total de 17 até o fim deste mandato.
Os opositores contestaram o resultado, denunciando irregularidades no cálculo dos votos. Antes da realização das eleições, os adversários políticos de Maduro calculavam, conforme duas pesquisas de boca de urna divulgadas pela agência Reuters, que González alcançaria 70% dos votos, enquanto o atual presidente ficaria com 30%. Maria Corina Machado, líder da oposição, chegou a dizer que a Venezuela tinha um novo presidente eleito, se referindo a Edmundo González.
Países como os Estados Unidos, Espanha, Chile, Peru, Argentina e Colômbia, além da União Europeia, já haviam se manifestado sobre o resultado do pleito.
Questionados pela oposição pelo menos desde 2004, os resultados das eleições venezuelanas costumam ser alvo de desconfiança de parte da comunidade internacional. Porém, nos últimos pleitos, organizações internacionais como o Centro Carter e a Missão de Observação da União Europeia não apontaram fraude no voto e denúncias de fraudes de pleitos passados não foram formalizadas no país.
Com informações de Agência Brasil.