Em ano de eleição, é comum – e esperado – que os partidos se mobilizem para definir quem apoiará no pleito. Em ano de disputa municipal, os ânimos podem ficar acirrados, já que uma base de apoio ao nível estadual pode não ser a mesma ao nível local. No município de Orós, a expectativa é que a situação ocorra. Pré-candidato e buscando o seu terceiro mandato como prefeito, o suplente de deputado estadual em exercício, Simão Pedro (PSD), não deve ter o apoio do PT – legenda que lidera o grupo governista, o qual o parlamentar é aliado. Em entrevista ao podcast Questão de Opinião, do OPINIÃO CE, Simão opinou que a sigla “não teve sabedoria em alguns municípios”.
Segundo o postulante, dos três pré-candidatos à Prefeitura de Orós neste ano – além dele, Francieudo do Sindicato (PT) e Luhanna Urya (PP) -, quem mais tem ajudado o Governo tem sido ele. “Eu estou na base, defendendo, votando e fazendo a defesa do Governo”, disse. Entretanto, ele não terá o apoio petista. Mesmo com um pré-candidato do partido, aliás, o PT deve apoiar Luhanna Urya, então assessora especial da Casa Civil. O governador Elmano de Freitas (PT), em 2023, chegou a garantir apoio a ela para o pleito.
“Nunca fui procurado por nenhum deles do PT para ter um diálogo. Começa errado por aí”, afirmou Simão.
Neste ponto, ele destaca que teve mais votos que sua “concorrente” nas eleições deste ano no pleito de 2022. À época, concorrendo a deputado estadual, ele conseguiu 35.414 votos para, enquanto Luhanna teve 4.267 para federal. Simão não citou o nome dela durante a resposta. “Vê lá, onde estou como pré-candidato. Qual o peso político de cada um? Acho que tem que ter mais sabedoria”, completou.
SEGUE NO GOVERNO
Mesmo sem o apoio do PT, o deputado ressaltou que não vai sair da base do Governo Elmano. “Quando eu sou, eu sou. Eu não tenho meio-termo, não sou em cima do muro. Hoje, sou base do Governo, independente do Governo me apoiando ou não”, afirmou. “Eu fiz esse compromisso. Agora, se vai ser recíproco, aí a gente vê no futuro”, acrescentou. Ele destacou, entretanto, que, se o PT tentar “bombardear” parte dos aliados, isso pode causar problemas ao partido no futuro. “Se o cara [partido] me bombardear, porque que eu vou, no sentido popular, ‘abrir as pernas?’ Pera aí também. Estamos aqui para ser parceiros”.
“Acredito que isso vai ser uma construção que vai se afunilando. O governador fica em uma situação complicada também, porque não é só ele no PT, e também não é só o senador Camilo [Santana], que é o grande líder aqui de todos os cearenses e que lidera nosso grupo todo”.
Em Orós, conforme o parlamentar, quem tem tomado à frente no PT é o deputado federal José Guimarães (PT), líder do Governo Lula na Câmara. Simão afirmou, aliás, que ele vê divergências entre a estratégia do PT ao nível estadual e local. Neste contexto, o peessedista diz que Guimarães está definindo a atuação petista em Orós pensando também em um projeto pessoal. “Isso pode atrapalhar o projeto do grupo, porque tem hora que você tem um projeto seu, mas tem hora que o do grupo tem que ser maior”. Nos bastidores da política, se fala na possibilidade de Guimarães concorrer a uma vaga no Senado em 2026.