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18 de janeiro de 2025

Economia fraca retarda plano do BNDES de venda de ações de campeãs nacionais

Foto: Divulgação

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Os danos causados pelo coronavírus à economia atrapalharam a meta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de se desfazer da participação acionária de empresas que, no passado, foram eleitas “campeãs nacionais”.

Isso explica o baixo nível de remuneração obtido nas vendas de ações em posse do banco desde o início do mandato do presidente Bolsonaro (PL), que enfrenta dificuldades com o baixo nível de crescimento da economia. Em 2019, quando o líder do executivo assumiu, o banco detinha R$ 125 bilhões em participações de grandes empresas, a maior parte campeãs nacionais, como Petrobras, Vale, JBS, Marfrig e Suzano. Hoje, essa participação caiu para R$ 70 bilhões.

Dados do próprio BNDES mostram que a remuneração obtida com a venda de participações societárias sob o comando de Bolsonaro está entre as mais baixas em quase uma década. As informações, no entanto, não separam ações de outros ativos, como debêntures (títulos de dívida que podem ser convertidas em ações), em posse do banco.

Apesar de ter registrado ganhos com essas operações, o retorno não foi tão bom quanto se esperava. Em 2019, por exemplo, o banco vendeu R$ 17,2 bilhões em ações e outros títulos e obteve R$ 2,8 bilhões como remuneração, o equivalente a 16% do desinvestimento. No ano seguinte, já sob severos efeitos da pandemia, o desinvestimento foi maior (R$ 47 bilhões) e o retorno, pior –R$ 3,3 bilhões (7%).

Entre 2012 e 2018, o ganho anual médio com venda de ativos chegou a 73%, em 2014, e foi praticamente zero em 2013. O banco explica que parte desse resultado se deve ao valor das ações, que sofreram baixa durante a pandemia, e outra parte são impostos que incidiram sobre as transações.

Entre 2020 e 2021, no entanto, o banco informa que, somente em ações, a venda totalizou R$ 22,7 bilhões, em 2020, e R$ 12,8 bilhões, em 2021. Os ganhos líquidos nesse período foram de R$ 14 bilhões e R$ 8 bilhões, respectivamente -62,5% do valor do desinvestimento.

Boa parte desse resultado se deve à valorização dos papéis da JBS e da Vale, que vinha se recuperando de perdas com a alta das commodities. Em fevereiro deste ano, o banco vendeu um lote de 50 milhões de ações da gigante global de alimentos JBS por cerca de R$ 1,9 bilhão. Em meados de dezembro, já tinham sido vendidas 70 milhões de ações da companhia por R$ 2,7 bilhões.

Folha Press

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