Quebrando a sequência de assuntos – continuo na próxima semana – é impossível não falar de mais um crime de trânsito brutal que matou uma ciclista na sexta feira passada, 15/04, em Vitória – ES. Luísa Lopes, estudante universitária de 24 anos, estava de bicicleta e aparentemente tentava atravessar uma avenida quando foi atingida por uma motorista, provavelmente em alta velocidade, arrastada por vários metros, e morreu no local, após a chegada da equipe do Samu, que nada pôde fazer.
A motorista foi presa em flagrante (mas depois liberada), vinha de um bar com mais uma amiga no carro, apresentavam sinais de embriaguez, mas se recusou a fazer o teste do bafômetro. Em vídeos, tinha a fala arrastada, mas alega que é porque toma remédios antidepressivos, e só tinha bebido água. Mostrou preocupação com como ficou o carro, justificou que “estourou a cabeça da menina porque entrou no meio do caminho”. Sua defesa insiste que Luísa foi atingida por outro carro, e depois arremessada em direção ao carro da acusada, mesmo com filmagens que não mostram isso.
A banalização por parte dela é assustadora, mas não é a única culpada. A própria mídia banaliza casos assim, quando insere nas notícias se gerou engarrafamento, ou em quanto tempo o trânsito foi “normalizado”. E ao chamar qualquer caso de acidente, por mais que recomendações técnicas preguem o contrário.
Casos como este não são acidentes, mortes como esta são evitáveis! A justiça, que liberou a motorista após pagamento de R$ 3 mil de fiança, e demora anos para julgar tais casos, é muito branda com crimes de trânsito. Os legisladores, que lutam para afrouxar as punições de trânsito e dificultar a fiscalização de infrações, mesmo com o número absurdo de mortes e feridos no trânsito todos os anos, também têm culpa. Gestores municipais e projetistas insistem em não adequar seus projetos aos conceitos mais atuais de segurança viária.
Toda solidariedade à família e pessoas próximas. Continuaremos defendendo mudanças para um trânsito mais seguro.