Ainda em meio à guerra que assola a Ucrânia, o esporte segue dando respostas dentro do seu escopo. Na última semana, FIFA e UEFA anunciaram que seleções e clubes russos estão suspensos de competições das entidades. Com isso, a seleção russa de futebol está fora da Copa do Mundo do Catar, bem como os times do país comandado com Vladmir Putin foram excluídos das competições europeias que participavam. Após a decisão, a União de Futebol da Rússia disse que irá recorrer juridicamente para não ficar de fora das disputas, e acusou Fifa e Uefa de discriminação.
Muitos analistas do esporte questionaram se seria justa essa suspensão, afinal, não partiu dos jogadores a decisão de invadir o país vizinho. Mas, o que representa a seleção esportiva de uma nação? Não podemos definir a equipe que entra em campo com as cores de um determinado país, cantando o hino e empunhando uma bandeira apenas como um time de futebol. Ela passa a ser, também, uma representação diplomática nacional. Sim, é de se lamentar que jogadores que não apoiem o genocídio tresloucado de Putin fiquem de fora da maior competição do futebol mundial, mas ucranianos perseguidos, desabrigados, mortos, viúvas e órfãos estão sofrendo mazelas infinitamente mais severas. Infelizmente esse é um dos poucos mecanismos que as entidades do esporte possuem para repreender o crime humanitário que ocorre no Leste Europeu.
Essa mesma prática, inclusive, não é nova na história do futebol. Em 1938, em plena guerra civil que levou o ditador Francisco Franco ao poder, a Espanha teve sua inscrição rejeitada pela Fifa. Em 1950, Japão e Alemanha ficaram de fora do mundial ainda em decorrência da Segunda Guerra. De 1966 a 1990, na época do tenebroso apartheid, a seleção da África do Sul foi impedida de disputar Copas do Mundo. O fato é que a Fifa, tal qual o COI, a FIA e tantos outros, também são instituições políticas, e que, nesse momento, precisam marcar posição, junto ao Ocidente, em repelir o avanço de países com regimes autoritários e centralizadores, capazes de qualquer coisa para erguer uma era de controle, censura, cerceamento das liberdades individuais e subjugamento da soberania de nações.
Ficar fora de uma Copa ainda é pouco.