Já tivemos a oportunidade de, aqui e em outros espaços, destacar uma demanda cidadã das mais graves: a democratização com controle social dos meios de comunicação. Não é possível que, diante de tantos desafios que a civilização enfrenta em pleno século XXI, inclusive e sobretudo o do combate ao fascismo, os meios de comunicação sejam ainda tratados pela lei como o eram dois séculos atrás: feudos de corporações e famílias que enxergam a importância estratégica da informação na constituição do poder. Foi à custa do compadrio e da cumplicidade dessas empresas que se executaram no Brasil e em outros países da América do Sul os golpes militares que subjugaram a Democracia por décadas. Foi com os mesmos recursos que se aplicaram o golpe do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. A História transborda situações do gênero.
É Fantástico
Domingo passado, em programa-referencial da televisão brasileira, a jornalista Poliana Abritta encerrou a transmissão com uma fala revolucionária: “Não passarão!” As raízes da frase estão na Primeira Guerra Mundial, alcançando a Guerra Civil Espanhola e outros importantes momentos da luta da humanidade contra o fascismo, com destaque para a Segunda Grande Guerra. Comunista espanhola, a histórica Dolores “La Pasionária” Ibárruri Gómez foi celebrizada por ter essa expressão da resistência como lema.
Resistência
Poliana Abritta verbalizava a necessária e vital resistência do cidadão e das instituições ao avanço de um golpe de Estado pretendido e planejado pelo ex-presidente e por aliados. Um golpe que, graças à pronta reação do presidente Lula, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, foi frustrado.
Nós e o Nó
Eis o nó da questão: Rede Globo, UOL/Folha de S. Paulo, Veja, O Estado de S. Paulo, O Povo, Diário do Nordeste, Bandeirantes, Record e outros que hoje condenam – mesmo com palavras amenas – o golpe de domingo são as mesmas empresas que apoiaram outras tentativas de desmantelamento da Democracia. Nunca fizeram autocrítica nem redirecionaram condutas e posturas éticas. Ficou o dito pelo não dito.
Jefferson e Aécio
Quando Roberto Jefferson difundiu um nunca comprovado balcão de compra de parlamentares – o que apelidou de “mensalão” -, as corporações da mídia chancelaram alegremente espaços para o então deputado (sem nem mesmo se incomodar em conferir informações). O mesmo se deu quando Aécio Neves iniciou uma revanche golpista contra Dilma Rousseff, ainda em 2014, o que desaguou em 2016 no impeachment da presidenta.