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15 de janeiro de 2025

Divergências entre Bivar e ACM Neto levaram Moro ao União Brasil

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OPINIÃO CE apurou com fontes que ida de Moro para o partido ocorreu à revelia de ACM Neto e vontade de Bivar e Rueda. Disputa à Câmara ainda não é certa, afirmaram à reportagem

Kelly Hekally
De Brasília
kelly.hekally@opiniaoce.com.br

Foto: Reprodução/Facebook

As razões que não permitiram que o União Brasil no Ceará ficasse nas mãos de Chiquinho Feitosa (PSDB-CE) são as mesmas que levaram Sergio Moro ao partido que nasceu da fusão do PSL e DEM: o alinhamento entre Luciano Bivar e Antônio de Rueda, respectivamente presidente e vice-presidente nacionais da sigla, junto a divergências de ambos com ACM Neto, secretário-geral da sigla.

As movimentações para a saída de Moro do Podemos e sua consequente chegada ao União Brasil começaram no início desta semana e terminaram com o anúncio nesta quinta-feira, 31, do também ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro (PL) de filiação a mais nova legenda do País.

O cargo a que Moro vai concorrer ainda não é certo dentro do União. O jurista pode disputar uma vaga na Câmara dos Deputados ou no Senado, apurou o OPINIÃO CE com fontes ligadas ao partido no Congresso Nacional.

“Vamos esperar testar o nome dele para o Senado durante um tempo”, disse uma das fontes à reportagem. Na mais recente pesquisa de intenção de votos em que Moro aparece – Datafolha, divulgada no último dia 24 – o ex-juiz e principal nome da Lava Jata marcou em quatro cenários estimulados entre 6% e 10%. A margem de erro do levantamento é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Nas últimas horas, Moro afirmou que não ter mais intenção de concorrer em outubro próximo ao Palácio do Planalto. “O [Luciano] Bivar está sendo até sensato em tentar organizar a terceira via. Ele que chamou [Sergio Moro], à revelia de ACM Neto, que prefere eleger governadores e deputados [federais], especialmente ele próprio.” Pesquisa do Real Time Big Data encomendada pela Record TV, de fevereiro deste ano, mostrou que ACM lidera em todos os cenários a disputa para governador da Bahia em 2022.

UMA POSSÍVEL TERCERIA VIA
Uma das razões da chegada de Moro ao União seria a tentativa de viabilização da chamada terceira via, incluindo assim Simone Tebet (MDB-MS) ou Eduardo Leite (PSDB-RS) – que desistiu esta semana de ir para o PSD de Gilberto Kassab – em uma chapa onde Bivar poderia ter espaço, pontuou outra fonte.

No ano passado, em uma das primeiras sinalizações da pré-candidatura de Simone Tebet à Presidência da República, a senadora realizou coletiva de imprensa ao lado do presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi, poucos minutos depois de sair de uma reunião com Bivar, também deputado federal e primeiro-secretário da Câmara.

No xadrez da trama está o anúncio repentino de João Doria (PSDB), ontem, de que deixará o Governo de São Paulo neste sábado, 2, abrindo assim espaço para seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB) assumir a cadeira e disputar uma possível eleição no estado. Garcia iniciou as tratativas de migração para o União Brasil e tinha encontro marcado, para ontem, com Rueda.

Doria, que não conta com adesão majoritária da legenda para a disputa presidencial, e Leite estão em alas opostas do PSDB e protagonizaram uma disputa interna em 2021 pelo apoio do partido para a pré-candidatura ao Palácio do Planalto este ano.

“Tem o lado pessoal do [Luciano] Bivar também, claro. Sem Sergio Moro, fica mais fácil Bivar estar na chapa, como candidato ou mesmo como vice.” Bivar e a família Bolsonaro romperam ainda no começo do governo de Bolsonaro, por divergências entre os parlamentares que, à época, compunham a sigla na Câmara.

O racha e o não apoio claro a Bolsonaro também fizeram com que o PSL, ao se fundir com DEM, desinflasse o União Brasil, que até a noite de ontem somava 52 deputados federais, deixando de ser a primeira e se tornando a quarta sigla em número na Casa, atrás do PL (69), PP (56) e PT (53). Como a janela partidária se encerra hoje, ainda pode haver mudanças. Ainda que alterações ocorram, PL e PP, de Arthur Lira, presidente da Câmara, tendem a começar este mês consolidados como as legendas de maior força na Câmara até o final desta Legislatura.

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