Léa Dias Pimentel Gomes Vasconcelos, gestora de saúde, realiza exames de rotina no ginecologista. No dia 15 de dezembro de 2020, foi diagnosticada com câncer de mama. Neta de avós materna e paterna que também tiveram câncer de mama, a servidora pública começou o tratamento no dia 4 de janeiro de 2021. A fortalezense faz parte do grupo que está de olho no Dia Mundial do Câncer, celebrado neste sábado (4) e destinado à importância do diagnóstico e da prevenção à doença.
Para ocupar a mente, Léa se submeteu a uma seleção de doutorado ainda durante o tratamento. “ Fui aprovada neste processo seletivo e enfrentei o tratamento investindo na minha formação. Iniciei as aulas do doutorado ainda no período do tratamento. Como as aulas eram on-line, em alguns momentos eu estava na quimioterapia e assistindo aula ou fazendo atividades do doutorado”, disse.
A médica, que voltou a trabalhar em outubro de 2022, contou ainda que foram momentos difíceis, mas que teve muito apoio da família e de amigos. “Como passei o tratamento na pandemia, a minha família estava perto de mim. Cada ligação, cada presente que recebi fez a diferença para eu seguir em frente”, conta. Atualmente, Léa está apenas fazendo acompanhamento. Não toma mais medicação e teve resposta completa ao tratamento.
Dados do Ceará
De acordo com o Ministério da Saúde, nos últimos cinco anos, o Ceará teve 118.042 casos de câncer diagnosticados. Em 2022, o total de 15.617 casos representa cerca de apenas 13,2% do número de diagnósticos nesses últimos cinco anos. Aliás, a quantidade de casos em 2022 representou uma queda de 28,2% se comparada ao ano anterior, 2021, e uma queda ainda maior se comparada com 2019 (53,4%).
Dados do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), órgão auxiliar do Ministério, mostram que a estimativa do número de casos no Ceará para 2023 sem contar com o câncer de pele não melanoma é de 21.020 casos, valor superior ao do ano passado.
No Estado, em 2022, sem contar com o câncer de pele não melanoma, as tipologias mais comuns foram o câncer de mama (986 casos), seguido pelo câncer de próstata (598), segundo dados da pasta federal. O câncer de pele não melanoma é a tipologia mais comum no Brasil, contando por cerca de 30% de todos os casos de câncer diagnosticados no país. Ele é mais comum em pessoas com mais de 40 anos e raro em pessoas negras.
Como a sua mortalidade é baixa e o tratamento apresenta altos índices de cura (o Inca estima que cerca de 1,1% das pessoas que tiveram a tipologia vieram à óbito), é comum que o câncer de pele não melanoma não conste em alguns dados, e caso conste, é posto separado dos demais. Porém, isso não significa que não deve ser trata do adequadamente, pois se não tratado, pode ocasionar em mutilações expressivas.
Olhar médico
Segundo Markus Andret Cavalcante Gifoni, doutor em Cancerologia e professor de oncologia na Universidade Federal do Ceará (UFC), quando se trata de diagnósticos de câncer, o correto seria realizar exames mesmo sem sintomas. “É importante que as pessoas saibam que na maioria das vezes, os sintomas já se manifestam em fases mais avançadas da doença e que a atitude mais correta para os tipos mais comuns de
câncer como o de mama, pulmão e intestino seria fazer exames de prevenção independente da presença dos sintomas”.
Ainda de acordo com o médico, em famílias nas quais já houve casos diagnosticados de câncer, como na de Léa, deve ser feita uma abordagem mais cuidadosa, tanto em relação aos exames, como em cuidados com a alimentação, atividade física e tabagismo. Conforme o professor, 5% a 10% dos casos ocorrem em famílias que apresentam algum tipo de predisposição hereditária à doença. Gifoni argumenta ainda que as causas mais comuns para o surgimento das neoplasias malignas são o tabagismo, o sedentarismo, a má alimentação, o consumo de álcool e a infecção por vírus carcinogênicos como o HPV e o vírus da hepatite.
Portanto, as principais recomendações para evitar o câncer são: Não fumar, manter o peso saudável com uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos regularmente, manter controle sobre a ingestão de álcool e manter o calendário vacinal em dia (principalmente contra HPV e Hepatite).