De acordo com crença disseminada sobretudo no Interior do Estado, caso ocorra chuvas no dia do padroeiro do Ceará, quadra chuvosa será boa para a população
David Mota
Especial para OPINIÃO CE
david.mota@opiniaoce.com.br
Neste sábado, 19, é comemorado o Dia de São José, padroeiro do Ceará. Segundo sertanejos, existe a crença de que este dia determina como será o fim do ciclo da quadra chuvosa, que vai de fevereiro a maio no Estado. Em caso de chuva na data, o índice pluviométrico registrará bons números.
Caso não chova, não haverá boas chuvas ao fim do ciclo. Análises da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), contudo, são céticas acerca da tradição. Em 2013, por exemplo, o Ceará registrou chuvas em mais de 140 postos pluviométricos, no Dia de São José, com marcas chegando a 120 mm.
No acumulado do quadrimestre de fevereiro a maio, contudo, o registro de precipitações ficou abaixo da média histórica, somando 363 mm, o que corresponde a 40% a menos do que a média, que é de 600mm. Em 2009, aconteceu o efeito contrário: choveu apenas em 53 postos pluviométricos no Estado, na determinada data.
A maior chuva registrada foi na cidade de Granja, e não passou de 45 mm. Mas, no acumulado do ciclo chuvoso, o acumulado foi de 969 mm, 40% a mais do que a média histórica. Como a crença independe da ciência, os sertanejos cearenses podem ficar esperançosos, já que a previsão da Funceme é de chuva para todas as regiões do Ceará neste fim de semana.
Para o Dia de São José, a previsão é de precipitações em todas as macrorregiões do Estado. Na faixa litorânea, Cariri e o Sul do Sertão Central e Inhamuns, as chuvas devem ocorrer pela madrugada e manhã. Nas demais regiões, as chuvas devem acontecer ao longo do dia, principalmente à tarde, de acordo com o meteorologista da Funceme, Vinícius Oliveira.
Ainda segundo o especialista, as chuvas acontecem em virtude da proximidade da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal causa das chuvas na região norte do Nordeste brasileiro, no período da quadra chuvosa. Efeitos locais como relevo, temperatura e umidade também influenciam.
A primeira quinzena de março foi bastante proveitosa no que diz respeito às chuvas no Ceará. O número registrado foi quase o dobro das precipitações que aconteceram em fevereiro. Ainda conforme dados da Funceme, os números de fevereiro ficaram em 64 mm, enquanto a marcação deste mês registrou 111 mm nos primeiros quinze dias.
O valor já ultrapassa a metade da marca histórica, que é de 203 mm. O número registrado representa 55% do quantitativo. Com o bom início de mês, a expectativa é de que a média seja ultrapassada. Tudo dependerá das chuvas dos dias seguintes, que, conforme previsão, irão cair em todas as regiões do Estado.
Mesmo com a alta deste mês, o acumulado registrado do ano é inferior a média histórica. O acumulado, até o momento, no trimestre, é de 337 mm, ao passo que a marca da média é de 420 mm.
O valor registrado é 19% menor que a média de anos anteriores. A marca baixa é influência da quantidade baixa de chuvas no mês de fevereiro, onde teve a maior seca desde 2016, onde teve apenas 53 mm de chuvas. No ano de 2021, a marca de fevereiro foi de 126 mm, ultrapassando a média que é de 118 mm.