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17 de fevereiro de 2025

Dezembro e suas retrospectivas

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“De vez em quando, Deus me tira a poesia. Olho pedra, vejo pedra mesmo.”

(Adélia Prado)

Dezembro é assim. Fica meio inevitável não fazer retrospectivas, apesar de o tempo ser muito apertado. Fiz uma lista de metas bem subjetiva para esse ano que está chegando ao fim. Me recusei a querer o de sempre, que era emagrecer e gastar menos. Quis viver intensamente, ver os amigos, ir na praia, sair com meus filhos, beijar, juntar os cacos do coração quando não teve eco o amor que eu emanei.

Mesmo com metas que não exigiam tanto de mim, não fiz tudo o que gostaria. Fui atropelada por problemas de saúde na família, situações que andam longe de se resolver. Eu mesma também adoeci, tirei forças nem sei de onde para me reerguer. Porque a vida não espera você enxugar as lágrimas para seguir em frente. Às vezes, a gente vai chorando mesmo e resolvendo os problemas com o olho molhado. Depois, lava o rosto.

Passeamos sim, eu e meus filhos e conhecemos juntos a lindeza que é a Estação das Artes e o Museu da Indústria. Fomos ao cinema, rimos, jantamos e almoçamos. Trocamos abraços e lágrimas. Nos amamos muito e esse amor saiu fortalecido.

Molhei meus lábios com o sal do mar sozinha. Curti a solitude e a delícia que é ler um livro, tomar uma cerveja e beber uma água de coco sem pressa e sem satisfação para dar a ninguém. Também me diverti muito com novas amigas e seus filhos. Conheci mais gente como eu, que tem filhos, se divorciou e quer continuar sonhando com um recomeço. Isso fez com que eu me sentisse menos solitária no meu caminho.

Se eu fizer um balanço de tudo que vivi nesse ano, talvez eu perceba que a bagunça da poeira que subiu com a última reforma grande, finalmente está baixando um pouco. Ainda estou meio perdida, tem pedaços meus sem serventia. As desilusões do caminho, especialmente as do coração, me endureceram um pouco. Eu sorrio, mas não é um sorriso pleno. Já levei tanta queda, que parece que o abismo é bem ali. Eu só sigo em frente porque para trás não tem mais caminho. Tudo explodiu. Então, ou eu continuo, ou fico parada. E eu nasci para o movimento. Não gosto de estar quieta.

Se é o jeito seguir, que seja corajosamente e com atenção para não cair em ciladas. Espero começar 2025 mais madura e atenta, com mais malemolência para me esquivar das armadilhas.

Preciso ensaiar vôos mais altos e seguros, sem esquecer de estar com os pés no chão, quando precisar. Metade da minha vida já se foi. Se for pra sonhar, que seja com algo palpável. Estou pronta para o ano que vai vir. Até porque não tem outra forma de viver. Pronta ou não, a vida continua. Então, vamos em frente.

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