Deputados estaduais na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) discutiram, nesta quinta-feira (16), acerca do assassinato do suplente de vereador do Crato, Erasmo Morais (PL), no último dia 7 de maio. Dr. Aloísio (União Brasil), deputado de oposição, destacou que o crime foi extremamente brutal e que há necessidade de haver a investigação do crime. Já Osmar Baquit (PDT), da base do Governo, afirmou que o prefeito do Município, José Ailton Brasil (PT), vem se empenhando para elucidar o crime. Erasmo, da oposição ao grupo governista de Elmano de Freitas (PT), já havia dito, em sessão do dia 16 de outubro, que temia pela sua vida.
“Eu vou mexer com um enxame, eu vou mexer com um formigueiro, e se alguma coisa acontecer na minha vida, não procure outra linha de investigação. Foram questões políticas, quero deixar bem claro aqui, também não só para essa casa e para quem nos está nos assistindo nesse momento, mas também às autoridades policiais, para o Ministério Público e para o Poder Judiciário”, disse.
Durante a fala, Aloísio lembrou que o legislador municipal morreu após levar 47 tiros, sendo 36 deles de fuzil, à frente do portão de sua casa. Ele cobrou uma força-tarefa. “Não tenho formação em segurança pública. Sou educador, mas sei que um crime em que 47 tiros são disparados, desses, 36 de fuzil, é um crime grave e que precisa ser esclarecido”, afirmou. O parlamentar disse ainda que busca ser respeitoso e nunca acusar ninguém em suas falas.
“Não faço politização, ainda mais porque Erasmo Morais era meu amigo. Peço apenas a investigação. A situação no Crato está grave. Os pré-candidatos estão assustados e com medo de denunciar qualquer fato”, assinalou. Correligionários de Aloísio, Sargento Reginauro e Felipe Mota, se solidarizaram com a família de Erasmo. “Não podemos voltar para a época da pistolagem. Isso é grave e precisa ser amplamente investigado”, ressaltou Reginauro.
DEFESA DE BAQUIT
Conforme Baquit, por outro lado, o prefeito de Crato tem se movimentado para auxiliar na elucidação do caso. De acordo com ele, o gestor ligou duas vezes para o secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social do Estado, Samuel Elânio, solicitando uma apuração rígida e rápida do caso, “para que não tenha nenhuma ilação com o nome dele”. “Mais que isso, ele ligou para o governador Elmano. Eu digo isso porque eu tive uma conversa com o prefeito”.
O deputado lamentou ainda que o caso tenha sido politizado. Conforme ele, “foram feitas ilações políticas”, tentando atribuir a morte de Erasmo a um “crime político”. “Em um primeiro momento, foram feitas ilações como se a pessoa tivesse feito uma crítica à prefeitura e, em função disso, tivesse sofrido uma represália”, disse. O parlamentar alertou ainda que não se pode “descredenciar” a investigação feita pela polícia, pois essa ainda não foi concluída. “Tem que se apurar todas as vertentes, não só a vida política. Saber se o crime tem a ver com pistolagem política, com questões pessoais, se é ressaca de outras coisas. Tem que apurar e tem que punir os responsáveis”, reiterou.
O deputado Fernando Santana (PT), em aparte, corroborou com o pronunciamento de Baquit, solidarizou-se com a família da vítima e lamentou ilações com o nome do prefeito Zé Ailton. “Eu o conheço bem. O prefeito é um homem de bem, que vem transformando a vida do povo cratense. Zé Ailton sempre respeitou seus adversários políticos, pois isso é da democracia”, observou.
GIRÃO
O senador Eduardo Girão (Novo), em sessão no Senado, chegou a afirmar que o Ceará estaria passando por uma ditadura. “Já não basta o aparelhamento das instituições pelas gestões irresponsáveis e perdulárias do Governo do PT no Ceará. Eles querem tudo! Poucas horas atrás até o prefeito de Crateús foi afastado como anteciparam os governistas”, disse, a respeito do afastamento do prefeito Marcelo Machado (Solidariedade).
“No plenário do Senado, denunciei ameaças dos ‘poderosos de plantão do Estado’ que minam os pilares da nossa democracia, como a liberdade de expressão e o direito à participação política”, escreveu ele, em suas redes.
Na ocasião, o parlamentar, acerca do assassinato de Erasmo, citou ainda que haveria uso do aparato estatal para “silenciar vozes divergentes”. “É uma prática antidemocrática que nos remete aos tempos sombrios da ditadura”, disse. “São eventos extremamente alarmantes que exigem investigação rigorosa e justiça. A omissão do governador diante dessa coincidência macabra é, no mínimo, suspeita”, acrescentou.