O deputado estadual Felipe Mota (União), falou, em entrevista ao OPINIÃO CE, sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Enel, na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece). Titular, o parlamentar disse que a comissão deve ter início ou nesta sexta-feira, 18, ou na próxima segunda, 21, e que a necessidade da CPI aumentou a partir do momento em que a companhia resolveu vender a Enel Distribuição Ceará, no início de agosto. Felipe também detalha o motivo de o ‘apagão’, ocorrido nesta semana, entrar no foco da comissão parlamentar.
Felipe destaca que o ‘apagão’ pode ser um fator negativo para a implantação de offshores de energias renováveis no Estado. Conforme o parlamentar, o Ceará pretende avançar na produção das energias renováveis, como solar, eólica e Hidrogênio Verde (H2V). Segundo ele, é preciso garantir uma infraestrutura segura para que “a energia chegue na ponta, onde vai ser comprada”. O deputado põe em dúvida a capacidade da companhia no Estado para tal finalidade. “A rede da Enel está preparada para receber toda essa carga? Ninguém sabe”, questionou.
Felipe Mota destacou que este deve ser um dos pontos abordados na CPI e que aguarda relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Mota completou dizendo que tal apagão “colocou em xeque” o sistema de energia elétrica do Brasil.
Neste ponto, ele também critica a fala do ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia. “Ele disse que achava que um dos pontos foi no Ceará, (…) como um ministro diz um negócio desse sem saber? Isso cria uma situação com o mercado de energias eólica e solar, e esses projetos não vão conseguir ser montados porque não tem uma rede de transmissão de suporte gerando segurança. Isso foi muito ruim para a gente”, pontuou. “Foi um vexame para o nosso Estado”, completou o parlamentar.
CONTRATO
A Enel atua no Estado há 25 anos, desde 1998. Com um contrato de 30 anos, a empresa possui acordo com o Ceará até 2028. O deputado criticou a decisão da companhia italiana em vender a Enel Ceará durante os últimos cinco anos de contrato. “Isso está errado, acho que isso foi o que deu força para o Governo [do Ceará] dizer, ‘vamos abrir a CPI da Enel para a gente sentir como está [a situação]’”, disse.
Mota divide a CPI em três partes: defesa do consumidor, setor produtivo e executivos estaduais e municipais. Sobre o último ponto, ele lembrou que para o Estado construir uma estrada, por exemplo, deve ser realizada a remoção da rede de fiação, para, posteriormente, os serviços da empresa serem pagos novamente para a colocação dos fios.
“Essa CPI da Enel não pode terminar sem os dados que interessam ao cidadão e ao mercado privado. A gente tem que buscar da Enel se nós temos condição de fazer essa distribuição para gerar o crescimento da interiorização na indústria em pequenos, médios e grandes negócios. Tem que provar isso, é muito ruim para a Alece se não dermos a resposta”, afirmou.