A Justiça condenou, na última quinta-feira (18), o delegado de Polícia Civil Paulo Hernesto Pereira Tavares a 9 anos e 6 meses de prisão e à perda imediata do cargo. O agente foi denunciado após, sob efeito de álcool, causar um acidente de trânsito e agredir várias pessoas no dia 11 de novembro de 2023, na cidade de Aurora. A sentença também fixou pagamento de R$ 67 mil em reparação às vítimas do caso e a suspensão do direito de dirigir do réu pelo período de dois anos.
A decisão, da Vara Única da Comarca de Aurora, o condenou por diversos crimes, dentre eles, embriaguez ao volante, lesão corporal leve, calúnia, ameaça e desacato. O delegado, contudo, poderá cumprir a pena em regime inicialmente semiaberto e recorrer da decisão em liberdade.
De acordo com a sentença, o Paulo dirigia bêbado e provocou um acidente, tendo, em seguida, agredido uma mulher e um homem com tapas. Na ocorrência, o delegado resistiu à prisão, caluniou um policial militar e desacatou uma funcionária pública do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), além de ter ameaçado uma das vítimas.
O caso
No 11 de novembro, por volta das 4h da madrugada, em uma via do bairro Araçá, Paulo Hernesto envolveu-se em acidente de trânsito. Ao abordar um motociclista, o xingou, passou a persegui-lo e o teria derrubado. A vítima se afastou do lugar do incidente e, quando retornou para pegar a moto, começou a ser agredida pelo réu. Segundo o MPCE, a violência foi interrompida pela intervenção de populares.
Em meio à confusão generalizada, o delegado ameaçou algumas pessoas que tentavam apaziguar a situação, chegando a agredir um homem e uma mulher com um tapa no rosto. A ação violenta foi filmada por populares e veiculada nas redes sociais. A situação chamou a atenção da Polícia Militar e um dos agentes foi ameaçado de morte. Dentro da viatura, o delegado afirmava que a carreira do policial havia acabado.
O delegado foi encaminhado à Delegacia Regional de Brejo Santo, entretanto, a autuação em flagrante foi por embriaguez ao volante. Na delegacia, porém, passou a ofender a ameaçar o advogado de uma das vítimas. Sua esposa, em gestação, estava presente na situação e passou mal. Por isso, o SAMU foi acionado para socorrê-la. Lá, passou a gritar e ofender uma das profissionais de saúde.
O delegado chegou a ser liberado após pagar R$ 6,6 mil de fiança. O MPCE, no entanto, pediu sua prisão preventiva e pedido de cassação da fiança. Porém, no dia seguinte, na audiência de custódia, Paulo foi posto em liberdade, sob a condição de cumprir medidas cautelares pessoais, como ficar em casa à noite e aos fins de semana, além de estar proibido de frequentar bares e outros estabelecimentos e ambientes onde sejam servidas bebidas alcoólicas.
Porém, segundo o promotor de Justiça Ramon Brito Cavalcante, titular da Promotoria de Justiça da Comarca de Aurora, ele passou a interferir nas investigações, assediando testemunhas e atuado para manipular o teor dos depoimentos por meio de coação. As tentativas de manipulação, segundo o MPCE, foram constatadas em áudios de WhatsApp.