Declarações de figuras centrais no xadrez político cearense no último fim de semana dão o tom das eleições municipais de 2024, que prometem ser tão acirradas, acaloradas e movimentadas quanto às eleições de 2022, pleito que escolheu presidente, governadores, deputados e senadores. No Ceará, a eleição foi marcada, também, pelo rompimento da aliança histórica entre PDT e PT, os dois maiores partidos políticos do Estado em representações nos executivos municipais e no parlamento.
Hoje, figuras centrais do PDT divergem sobre uma possível aliança entre as duas siglas nas eleições municipais. O partido está dividido em dois grupos: do que apoia o governo Elmano de Freitas (PT) e de um núcleo mais ligado ao ex-prefeito Roberto Cláudio, que preside o diretório municipal do PDT em Fortaleza. Indagado sobre declarações recentes do ex-prefeito acerca de serem “remotas” as possibilidades de uma nova aliança entre os dois partidos, o senador Cid Gomes (PDT) disparou: “Papai dizia que a gente tende a prognosticar aquilo que a gente deseja. Talvez seja isso que ele queira”.
A declaração foi feita ao OPINIÃO CE, no sábado, 6, em Quixeramobim.
Em entrevista ao colunista Roberto Moreira, o senador voltou a afirmar ser “zero” a possibilidade de deixar o PDT e disse que pretende se candidatar, na próxima definição do diretório estadual do partido, à presidência da sigla, hoje ocupada pelo deputado federal André Figueiredo. Na avaliação de Cid, ele representa “o sentimento majoritário” do PDT.
“Vamos ter um momento em que o diretório do PDT será renovado. Todo dia, fica gente plantando futrica de que eu vou sair do PDT. Eu não tenho a menor intenção de sair do PDT, é zero a possibilidade de sair, estou na liderança do PDT no Senado, entusiasmado. Tenho conversado com o presidente [licenciado] Lupi com frequência”, disse.
Na sexta-feira, 5, também em entrevista ao OPINIÃO CE, André Figueiredo demonstrou irritação ao ser questionado sobre a suposta crise. “Não existe nada disso! Tá tudo pacificado. Tem um grupo no partido que entende que a derrota na eleição do ano passado nos coloca na oposição e outro que já estava apoiando o Elmano e o Camilo (Santana) na campanha, e outros que aderiram depois e o partido liberou”, pontuou. André também afirmou manter conversas com o senador Cid Gomes, com o deputado Evandro Leitão e com o governador Elmano de Freitas. Está tudo administrado, ele garante.
APOIO PARA A PREFEITURA
Com a aproximação das tomadas de decisão, as declarações também passam a ganhar mais peso. Menos de 24h após declarar ter convidado “várias vezes” o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Evandro Leitão (PDT), para se filiar ao PT, o governador Elmano de Freitas afirmou, no sábado, 6, que a ex-prefeita Luizianne Lins (PT) “há de voltar” à Prefeitura da capital cearense. Elmano fez elogios à época da gestão de Luizianne, na qual atuou como secretário. Evandro Leitão, presente no evento, realizado em Fortaleza, é um dos nomes cotados para disputar a gestão municipal em 2024.
“Saudar a minha querida deputada e ex-prefeita dessa cidade, do povo mais humilde dessa terra, nossa querida deputada e ex-prefeita Luizianne de Oliveira Lins, a quem tive muito orgulho de servir como secretário. Ela, como prefeita, que aqui fez moradia, reforma da casa, entrega do papel da casa, fardamento das crianças, passagem congelada dos ônibus. Mas há de voltar para que a gente possa ter melhores dias em Fortaleza”, afirmou o chefe do Executivo estadual.
Para Evandro, a saudação pública foi menos intensa, com menção ao fato de o presidente da Casa estar presente. Como adiantado pelo OPINIÃO CE na última semana, a bancada do PT na Alece já se adiantou ao defender o nome do parlamentar na disputa. Os deputados defendem que Evandro seja o nome do PT no pleito, com apoio do chefe do Executivo estadual e do ministro e ex-governador Camilo Santana (PT). O nome de Luizianne, porém, já é tido como tradicional para alguns quadros do partido. A deputada federal tenta retornar à Prefeitura de Fortaleza desde que encerrou seu ciclo no comando da capital cearense, em 2012. A única eleição que ela não concorreu foi em 2012, quando lançou Elmano como seu candidato à sucessão.