O debate entre candidatos ao Governo do Ceará promovido pela TV Cidade nesta segunda-feira, 26, foi mais marcado por ataques entre adversários do que lançamentos de propostas. Elmano de Freitas (PT) se tornou alvo de Roberto Cláudio (PDT) e Capitão Wagner (União Brasil) ao ser quem mais cresceu nas mais recentes pesquisas de intenções de voto, registradas na Justiça Eleitoral (JE).
O candidato do União Brasil chegou a dizer que o petista estava de “salto alto”, adotando a vitória de Lula como garantida. Wagner também apontou que o grupo, anteriormente composto pelos dois adversários, esteve no poder por 16 anos e não teria realizado as promessas que agora fazem na campanha.
O Capitão da Polícia Militar também apostou no discurso contra a violência das organizações criminosas no Ceará e citou, em vários momentos, diversos casos relacionados, como o da família encontrada escondida em um bueiro na última semana, após fugir de criminosos em Fortaleza.
Já Roberto Cláudio acusou Elmano de voltar à discussão para a disputa nacional por não ter “biografia” política, nem ideias próprias. “Estão tentando reproduzir aqui um debate nacional que não é nosso.” Mais de uma vez, o pedetista alfinetou o petista dizendo não saber o que vai ser de um possível governo dele se Lula não for o próximo presidente.
Elmano também avançou contra os candidatos. Voltou a apontar a ligação de Wagner com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse que o mandatário, como padrinho do Capitão, é quem “vai embora” após o primeiro turno. O petista apontou a ligação do deputado federal licenciado com os motins policiais ocorridos no Ceará em 2012 e 2020 e acrescentou que, como parlamentar da base do atual presidente da República, o adversário deveria ter feito propostas ao chefe do Executivo para melhorias no Ceará.
Roberto Cláudio ainda se direcionou a Wagner, voltando-se principalmente contra uma das principais bandeiras dele, que é a segurança pública, chamando a proposta “padrão FBI” de sem “pé nem cabeça”.
O pedetista buscou se colocar como a terceira opção em relação aos outros dois. Segundo ele, enquanto o petista vê tudo “a mil maravilhas”, o líder do União Brasil no Ceará “só vê defeitos” e que seria o candidato com maior experiência política, vide o histórico de gestão da prefeitura de Fortaleza por dois mandatos.
NOS BASTIDORES
Nos bastidores, Camilo Santana, ex-governador e candidato ao Senado pelo PT, Eduardo Girão, senador pelo Podemos, Kamila Cardoso, postulante ao Senado pelo Avante, André Figueiredo, líder do PDT no Ceará, o prefeito de Fortaleza José Sarto (PDT) e a candidata ao Senado pelo PSD, Érika Amorim, acompanhavam a discussão. Todos mantiveram quietude durante a sabatina. Todavia, por dois momentos, Camilo deixou escapar reações às falas de Wagner.
Quando o candidato ao governo disse que teria ajudado a liberar um helicóptero de um criminoso para uso do Ciopaer, o ex-governador balançou a cabeça negativamente. Em outro ponto, Wagner afirmou que Camilo teria agradecido a ajuda dele em obter recursos para a pandemia durante uma das transmissões de redes sociais. Camilo riu.
SAÚDE PÚBLICA
Durante discussão sobre saúde pública, Elmano ironizou Wagner e apontou ficar feliz com o interesse dele na área, mas a memória que tinha do adversário era dele se posicionando contra a desapropriação de um hospital por Camilo, para uso na pandemia.
O petista também agradeceu o apoio de Izolda Cela (sem partido). Após a sabatina, RC respondeu à imprensa que a declaração da ex-correligionária era esperada e afirmou ter respeito por ela e pelo posicionamento.
EUNÍCIO E CID
O ex-senador Eunício Oliveira (MDB) e Cid Gomes (PDT) foram mencionados na discussão. Roberto Cláudio destacou o apoio do emedebista à candidatura petista, mesmo após Eunício ter sido favorável ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Eunício agora é bacana”, debochou.
Elmano apontou que o líder do MDB no Ceará também já subiu ao palanque de RC, na disputa pela Prefeitura de Fortaleza e que não esconde o aliado na atual campanha. O petista atacou o ex-prefeito da Capital por não ter apoio declarado de Cid Gomes. Elmano afirmou ainda que a “sede por poder” de RC o fez se afastar dos líderes políticos.
Já Wagner utilizou a proximidade de Eunício para falar sobre o Movimento Sem Terra (MST) e dizer que o petista apoiou uma invasão de terras do movimento em propriedade do emedebista. A campanha dele e de RC também promoveu ataques ao MST na última semana.
Nas declarações finais, Elmano pediu votos para ele, Camilo e Lula. RC também se direcionou aos eleitores em favor dele, e disse que “não são padrinhos que vão governar”, em referência aos aliados do petista.
Já Wagner sacou do bolso um boneco de plástico que simula um feto humano para se afirmar contrário ao aborto, dizendo ter assinado um termo se comprometendo com a causa. “Poucos políticos têm a coragem de se posicionar a favor da vida.” O movimento é tradicional de discursos de Eduardo Girão, apoiador do candidato.
*A repórter e o repórter-fotográfico participaram do debate no estúdio a convite da organização do evento