Ingrid Campos
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De Gonzaga Mota e Virgílio Távora, em 1986, a Camilo Santana (PT) e Ciro Gomes (PDT), em 2022, os rompimentos políticos têm ditado as disputas eleitorais no Ceará desde a redemocratização brasileira.
No mais recente episódio, o PT deixou o bloco do PDT após anos para disputar o pleito deste ano com Elmano de Freitas (cabeça) e Jade Romero (do MDB, como vice). Com isso, levou partidos como o PP e o MDB, além do apoio de prefeitos e parlamentares.
Outras legendas, como o PSDB, vivem embates jurídicos por causa dessa quebra de elo. Com o rompimento, o partido teve que decidir se migrava para o lado petista – a contragosto de nomes como Tasso Jereissati – ou se seguia com o PDT.
Duas convenções foram realizadas: a primeira, sob comando do então presidente estadual Chiquinho Feitosa, decidiu pela neutralidade, enquanto a segunda firmou apoio à coligação pedetista, com o lançamento de nomes tucanos ao Senado pelo bloco. Contudo, o assunto segue em análise pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Com os exemplos acima, é perceptível que os rompimentos entre grandes grupos políticos ditam as dinâmicas de partidos diretamente ligados à cisão e dos demais componentes do bloco. A quebra de aliança neste ano ocorreu pela escolha de Roberto Cláudio (PDT) a candidato ao Executivo Estadual em detrimento da atual governadora Izolda Cela (sem partido). O episódio foi tão significativo que a gestora deixou o partido na semana seguinte.
“O Roberto representa uma proposta de manutenção de perfil do grupo. Neste momento de mudança de ciclo político, os Ferreira Gomes poderiam ter optado por uma renovação no perfil da candidatura. Em alguma medida, a Izolda representaria isso, mas o Roberto Cláudio é quem incorpora esses ethos do grupo”, explica Monalisa Torres, pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia da Universidade Federal do Ceará (Lepem/UFC).
ROMPIMENTOS EMBLEMÁTICOS ANTES DE 2022
No período de redemocratização, em 1986, Gonzaga Mota rompeu com Virgílio Távora, que o ajudou a se eleger governador no pleito anterior, para apoiar Tasso Jereissati naquele ano, que saiu vitorioso. Contudo, após a posse de Tasso, este quebrou a aliança com Gonzaga, passando a criticar seu mandato e o legado que deixou para a gestão.
Wellington Landim/Sérgio Machado e Tasso Jereissati
Em 2002, o deputado Wellington Landim saiu do PSDB e rompeu com Tasso para ser candidato ao Governo do Estado contra o então tucano Lúcio Alcântara. O mesmo fez o então senador Sérgio Machado (PMDB) naquele ano.
Tasso e Lúcio Alcântara
Durante as eleições gerais de 2006, Lúcio Alcântara (PSDB) quis o apoio de Tasso para concorrer à reeleição a governador, o que foi negado. Mesmo assim, ele entrou na disputa e, derrotado, deixou o partido na época.
Cid Gomes e Luizianne Lins
Em 2012, Luizianne Lins (PT) contou com o apoio de Cid Gomes (PDT) para emplacar um candidato à sucessão dos seus dois mandatos na Prefeitura de Fortaleza, já que ambos eram aliados há anos. Luizianne, inclusive, reforçou a campanha de Cid ao governo local em 2006, o que foi retribuído em 2008, quando ela tentou novamente ser prefeita – e saiu vitoriosa. Contudo, o mesmo não ocorreu em 2012. Os dois romperam e o PT lançou Elmano de Freitas à disputa, enquanto o PDT lançou Roberto Cláudio. Os dois foram ao segundo turno com a derrota do petista.
Cid Gomes e Eunício Oliveira
Em 2014, o então senador Eunício Oliveira (MDB) se lançou à disputa pelo governo do Estado, e pediu apoio de Cid no pleito. Porém, o atual senador preferiu unir-se a Camilo Santana, que foi eleito, na campanha. Por isso, os dois romperam.