Mais uma criança, de apenas um ano e cinco meses de idade, morreu, neste domingo, 5, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, vítima de desnutrição grave e desidratação. A informação foi repassada por Júnior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’Kuana (Codisi-YY), uma das principais lideranças da região de Surucucu, no extremo Oeste do estado e próxima à fronteira com a Venezuela.
De acordo com o relato, a criança estava em estado grave desde sábado, 4, e as equipes de saúde pediram sua remoção imediata para Boa Vista, mas o mau tempo impediu a decolagem. Ela era da região Haxiu, que fica a cerca de 15 minutos de helicóptero do polo base de Surucucu, onde há um aeródromo e um pelotão de fronteira do Exército Brasileiro.
Afetados pela presença do garimpo ilegal em suas terras, os indígenas yanomami têm sofrido com casos de desnutrição e doenças como malária e pneumonia. Nos últimos quatro anos, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foram reportadas a morte de 570 crianças no território.
Garimpeiros
Neste sábado, a minisrra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que os garimpeiros estão começando a deixar o território. A ministra desembarcou em Roraima para acompanhar as ações interministeriais que tentam conter a crise humanitária envolvendo o povo Yanomami. “Temos essa informação que muitos garimpeiros estão saindo. Mas é bom que saiam mesmo, porque assim a gente até diminui a operação que precisa ser feita para retirar 20 mil garimpeiros, [o que] demora um tempinho”, disse a ministra.
Nesta segunda-feira, 6, uma nova comitiva com representantes do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) chega à região Yanomami. Ela dará continuidade ao trabalho, da comitiva anterior, de coletar informações e diagnósticos sobre a tragédia humanitária em territórios indígenas em Roraima. Estão agendadas, ainda, visitas à Casa de Saúde Indígena (Casai), ao hospital da Criança e do Sistema Único de Saúde (SUS), além do Hospital Geral de Roraima (HGR).
Remoção de pacientes
De acordo com o Centro de Operações Emergenciais (COE), colegiado interministerial criado pelo governo federal, em janeiro, foram removidos 223 pacientes da terra indígena para a capital do estado. No balanço mais recente, o COE informou também que a Casai, em Boa Vista, abriga, no momento, 601 yanomami, entre pacientes e seus acompanhantes. Além disso, há 50 indígenas internados, no Hospital Geral de Roraima e no Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), ambos na capital.