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20 de março de 2025

CPI tem clima tenso e pedido de proteção por ameaças em mais um dia de oitivas

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Comissão Parlamentar de Inquérito da Associações Militares, na Assembleia, recebeu ontem Rêmulo Silva de Oliveira e Elton Regis do Nascimento

Priscila Baima
priscila.baima@opiniaoce.com.br

Reunião da CPI do Motim, ocorrida nesta terça, 19, na Assembleia Legislativa do Ceará (Maximo Moura/ALCE)

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Associações Militares (CPI do Motim), na Assembleia Legislativa do Ceará (ALCE), recebeu nesta terça-feira, 19, o policial militar Rêmulo Silva de Oliveira no Complexo de Comissões Técnicas da Casa, que atendeu ao requerimento do deputado estadual Elmano Freitas (PT), relator da CPI.

Além de Rêmulo, a CPI ouviu o depoente Elton Regis do Nascimento, convidado pela comissão. Nascimento foi ameaçado e pediu para colaborar com sua oitiva ainda na última terça. Os deputados presentes foram consultados da possibilidade de dois depoimentos e o pedido foi acatado. Ex-tesoureiro da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), Rêmulo Silva de Oliveira afirmou aos deputados que tem o desejo de contribuir com as investigações.

“Estou aqui para colaborar em tudo que puder. Concordo muito que com o resultado de tudo isso quem ganha é a sociedade”, disse. Rêmulo disse que trabalhou na APS como diretor financeiro entre a segunda quinzena de outubro de 2017 a setembro de 2021. Em outro momento, o depoente afirmou que a ordem de pagamento somando R$ 89 mil, assinadas em nome da APS nos dias anteriores ao início do motim, foi realizada por preocupação com a saída do vereador Sargento Reginauro (UB) da presidência da APS.

“Como foi visto, todo mês eu precisava realizar saques para resolver as questões internas e algumas externas. Quando o presidente Reginauro acenou que ia sair, eu fiquei preocupado, porque ia causar um problema em relação ao banco. Por quê? Porque quando ele ia sair, a gente passou por uma experiência de troca de nomes que demorava de dois a três meses para ajustar. Na saída dele, eu fiquei preocupado de não conseguir fazer saque e não ter como fazer os pagamentos para pagar fornecedor”, declarou Rêmulo.

Segundo o depoente, foi uma medida de precaução. “Eu realizei o preenchimento desses valores. Eu posso até estar enganado em razão do tempo, mas não teve mais saque a partir daí. A gente ficou utilizando esse dinheiro por um bom tempo”, disse o policial.

SAQUE DE DINHEIRO
Os deputados também investigam se o militar sacou parte dos cheques investigados pela CPI. Questionado sobre o possível saque de dois cheques de R$ 25 mil apontados pela comissão, mas o policial Rêmulo negou a ação.

“Esse cheque foi preenchido e foi depositado na boca do caixa do Banco do Brasil. Eu nunca saquei dois valores de R$ 25 mil. Esses que o senhor está falando eu nunca saquei. Esse cheque foi preenchido e foi depositado na conta do Banco do Brasil. Eu não saí com o dinheiro.”

O presidente da CPI, deputado Salmito Filho (PDT), solicitou que o Governo do Estado garanta a “proteção devida à vida” de Elton Regis do Nascimento, convidado para depor aos deputados. O policial pediu para ter sua oitiva antecipada para ontem após, segundo o militar, ter sido ameaçado com um bilhete. Nascimento é policial há quase 19 anos e está afastado por questões de saúde. Em depoimento, o policial informou ter tido divergências com a atual direção por fazer críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

“No dia 23 do mês passado, me dirigi a uma confeitaria perto da minha residência e estacionei em uma rua próxima. Ao retornar, encontrei um papel com a inscrição: ‘Otário, como vai a vida? Cuidado com o que fala’ [sic]. De um determinado tempo para cá não tenho falado de outra coisa que não seja a expectativa do que seria tratado nesta CPI.”

“Fui ouvido no Ministério Público, e em nenhum momento a associação a qual ainda faço parte me deu orientação e acompanhamento jurídico.” O depoentes afirmou ter sido um dos fundadores e diretor do Setor Financeiro da APS, que é investigada pela comissão parlamentar. O agente informou ainda que as decisões tomadas pela associação passavam pelo “crivo” do deputado federal Capitão Wagner (UB) mesmo depois que ele deixou o cargo de presidente da associação

“Não tinham decisões importantes na diretoria que não passassem pelo crivo do Capitão Wagner”, disse o ex-diretor. “A gente sabia que havia essa consulta. Isso era fato”, acrescentou Regis ao relator da CPI. Elton Regis ocupou os cargos de diretor de inativos, conselheiro fiscal e diretor financeiro da APS.

O agente ainda implicou acusações semelhantes ao deputado estadual Soldado Noélio e ao vereador Sargento Reginauro, ambos do União Brasil. Segundo o ex-diretor, os três parlamentares compunham um seleto grupo que tomava decisões e ditava os rumos da entidade, escolhendo inclusive a atual gestão da APS.

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