Voltar ao topo

18 de maio de 2025

“CPI do Motim”: Salmito solicita proteção a depoente que diz ter sofrido ameaça

O depoente é policial militar há quase 19 anos e está afastado por questões de saúde.
Foto: Máximo Moura/ALCE

Compartilhar:

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Associações Militares, deputado Salmito Filho (PDT), solicitou nesta terça-feira, 19, que o Governo do Estado garanta a “proteção devida à vida” de Elton Regis do Nascimento, 41, convidado para depor aos deputados que pediu para ter sua oitiva antecipada para esta terça-feira após, segundo ele, ter sido ameaçado. O depoente é policial militar há quase 19 anos e está afastado por questões de saúde. Em depoimento, o policial informou ter tido divergências com a atual direção por fazer críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

“No dia 23 do mês passado, me dirigi a uma confeitaria perto da minha residência e estacionei em uma rua próxima. Ao retornar, encontrei um papel com a inscrição: ‘Otário, como vai a vida? Cuidado com o que fala’ [sic]. De um determinado tempo para cá não tenho falado de outra coisa que não seja a expecativa do que seria tratado nesta CPI”, disse, em fala inicial. “Fui ouvido no Ministério Público e em nenhum momento a associação a qual ainda faço parte me deu orientação e acompanhamento jurídico”.

Março de 2021 a

Confira o depoimento:

Ele afirma ter sido um dos fundadores e diretor do Setor Financeiro da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), que é investigada pela comissão parlamentar. “Estou solicitando ao secretário de segurança pública [Sandro Caron] a proteção devida à sua vida. Na condição de presidente, nos somamos todos à solidariedade. É inadimissível qualquer tipo de ameaça e constrangimento”, destacou Salmito ao fim da oitiva. Segundo o presidente, na próxima terça-feira, 26, às 9hrs, será ouvido o sargento Eliziano Queiroz, atual presidente da Associação das Praças do Estado do Ceará (Asprace).

Outro depoimento

CPI também ouviu, nesta terça-feira, 19, o policial militar Rêmulo Silva de Oliveira, que atende requerimento do deputado estadual Elmano Freitas (PT), relator da comissão parlamentar. O sargento afirmou, em depoimento, que trabalha na PM há 20 anos. Aos deputados, o militar informou o desejo de contribuir com as investigações. “Estou aqui para colaborar em tudo que puder. Concordo muito que com o resultado de tudo isso quem ganha é a sociedade”, disse. Rêmulo disse que trabalhou na APS como diretor financeiro entre a segunda quinzena de outubro de 2017 a setembro de 2021.

O militar negou que tenha participado de alguma negociação que culminou no motim de 2020.

Com o fim da reunião, a Comissão Parlamentar chegou à quarta oitiva. Na última semana, os deputados estaduais ouviram o vereador Sargento Reginauro (União Brasil), que presidiu a APS em 2020. O parlamentar rebateu colocações feitas pela CPI e, em seguida, afirmou que iria entrar com ação para tentar evitar que o inquérito tivesse continuidade. O vereador afirma que o objetivo das investigações é desgastar o grupo político liderado pelo deputado federal e pré-candidato ao Governo do Estado, Capitão Wagner (UB). Antes de Reginauro, foi ouvido o atual presidente da APS, Cleyber Araújo.

CPI

A Comissão Parlamentar foi instalada em agosto de 2021 para investigar a participação das associações militares na paralisação de parte da PM em 2020 e em 2012, no Ceará. A prática de motim é considerada crime na legislação militar. Uma das linhas de investigação dos deputados é se cheques sacados pela APS dias antes da paralisação da PM, em 2020, têm relação com o movimento. A comissão é composta pelos deputados Salmito Filho (PDT), presidente do colegiado; Elmano Freitas (PT), relator da CPI, além do vice-presidente, Queiroz Filho (PDT), e dos membros titulares Augusta Brito (PCdoB), Soldado Noelio (Pros), Romeu Aldigueri (PDT), Nizo Costa (PT), Davi de Raimundão (MDB) e Marcos Sobreira (PDT).

[ Mais notícias ]