Na reunião desta terça, colegiado da Assembleia aprovou requerimento de convocação do presidente da APS, Cleyber Araújo, para nova rodada de depoimentos
Ingrid Campos
ingrid.campos@opiniaoce.com.br

A Associação dos Profissionais de Segurança (APS) voltará ao foco dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Associações Militares, na Assembleia Legislativa do Ceará (ALCE).
Na reunião desta terça-feira, 31, o colegiado aprovou requerimento do deputado estadual Marcos Sobreira (PDT) de convocação do presidente da entidade, Cleyber Araújo, para uma nova rodada de depoimentos.
Após uma série de testemunhos dados ao colegiado de gestores de um total de cinco associações, ainda existem pontas soltas sobre a participação da APS no motim da Polícia Militar, no começo de 2020. Foi o que disse Sobreira ao OPINIÃO CE.
“Estamos avaliando a possibilidade de acareações porque alguns documentos com alguns depoimentos estão contraditórios. Muita coisa foi apurada, algumas informações estão se chocando, então precisamos confrontar alguns dados que estão, neste momento, instáveis.”
“Algumas [incongruências] já foram expostas publicamente, como o caso de contratos advocatícios de R$ 400 mil sem o advogado participar do processo, alguns saques na boca do caixa em valores voluptuosos e sem a devida prestação financeira à entidade, mas alguns fatos sigilosos que estamos apurando, até para resguardar os investigados, a gente prefere não divulgar no momento”, acrescentou o deputado.
CPI PRORROGADA
Com isso, também, a CPI prorrogará suas atividades por mais 120 dias, como explica o presidente do colegiado, Salmito (PDT). Um novo prazo exige o aval da Procuradoria, que deu parecer favorável a isso. O primeiro adiamento foi feito em dezembro deste ano. Deputados, agora, aguardam novas definições.
“Eu imaginava que não fosse mais necessário, mas o tempo não foi suficiente. Tivemos as visitas, e elas foram importantes, para não ficar à imagem de que a CPI avalia que as associações são ruins. Existem trabalhos bons, importantes, que merecem todo o nosso reconhecimento. Na investigação você encontra falhas e acertos. Os acertos você reconhece; e as falhas, a comissão deve encaminhar ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, que é quem julga”, afirmou Salmito.
Para que a prorrogação das atividades por igual período seja confirmada, o presidente da ALCE, Evandro Leitão (PDT), deve fazer o anúncio até esta quarta-feira, 1º. De acordo com o secretário da comissão, Disraeli Moura, os trabalhos da CPI devem ser concluídos até antes dos 120 dias prolongados.
“O JOIO DO TRIGO”
Salmito fechou a fase de depoimentos, neste mês, ressaltando o trabalho honesto da maioria das associações ouvidas pela comissão. Para ele, a experiência serviu para “separar o joio do trigo.” O posicionamento foi reforçado pelas visitas que os membros da CPI fizeram às sedes das entidades – deixando uma série de elogios – para conferir os serviços ofertados aos profissionais de segurança associados.
O mesmo comportamento não foi feito na visita à APS. Na ocasião, parlamentares reforçaram a necessidade de continuidade das investigações, que tiveram o ápice no depoimento de Cleyber Araújo à CPI no início de abril. À época, o gestor negou participação, financiamento ou campanha da entidade pelo motim.