O ex-jogador de futebol Ronaldo de Assis Moreira, o Ronaldinho Gaúcho, e o irmão e empresário dele, Roberto de Assis Moreira, representantes da empresa 18KA, serão ouvidos na próxima terça-feira, 22, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras, instalada na Câmara dos Deputados. “A empresa afirmava trabalhar com trading e arbitragem de criptomoedas e prometia a seus clientes rendimentos de até 2% ao dia, supostamente baseado em operações com moedas digitais”, informa o deputado Ricardo Silva (PSD-SP), que solicitou a tomada de depoimento do ex-jogador.
Ronaldinho Gaúcho afirma que teve a imagem dele usada indevidamente e que também teria sido lesado. Ricardo Silva, no entanto, lembra que, em 2020, o ex-atleta se tornou réu em uma ação que pede indenização no valor de R$ 300 milhões por conta de prejuízos causados a investidores. Além de Ronaldinho Gaúcho e de Roberto de Assis Moreira, o parlamentar solicitou a convocação de Marcelo Lara, fundador e sócio da 18K.
BLAZE E SANTOS
Além dos representantes da 18K, a CPI ouvirá, também na próxima terça-feira, o presidente do Santos Futebol Clube, André Rueda. O clube paulista tem o patrocínio da empresa de cassino e apostas on-line Blaze, que é acusada de fraude.
“Ciente de que os responsáveis pelas plataformas de jogos de azar sediadas no exterior se valem de criptoativos como métodos de pagamento dos prêmios e para receber recursos, imperioso questionar aos convocados quem são os representantes da plataforma Blaze no País”, afirma o deputado Gutemberg Reis (MDB-RJ).
Ele quer ainda que o Santos entregue o contrato de patrocínio assinado com a Blaze.
OUTROS DEPOIMENTOS
Nesta semana, a CPI ouviu sócios da empresa MSK Operações e Investimentos, investigada por lesar cerca de 4 mil clientes que realizaram investimentos em criptomoedas. A empresa disse aos deputados que teria sido surpreendida com um desfalque financeiro executado por um dos funcionários. Os integrantes CPI não conseguiram ouvir os depoimentos dos artistas Tatá Werneck e Cauã Reymond, que fizeram publicidade para a Atlas Quantum. A empresa, que usava bitcoins em operações financeiras, lesou clientes em R$ 2 bilhões. Os artistas conseguiram habeas corpus para não comparecer à reunião.
A comissão também já ouviu especialistas que afirmaram que a tecnologia usada pelas criptomoedas tem funcionado como um chamariz para a prática de crimes como as pirâmides. Eles foram unânimes, no entanto, em dizer que isso nada tem a ver com a tecnologia em si, e sim com a desinformação associada a ela.
A COMISSÃO
A comissão foi instalada em junho e tem 120 dias para concluir os trabalhos. Prazo que pode ser prorrogado por mais 60 dias, desde que haja requerimento assinado por um terço dos deputados. A CPI investiga esquemas de pirâmides financeiras com o uso de criptomoedas. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao todo, 11 empresas teriam realizado fraudes utilizando moeda digital, como a divulgação de informações falsas e promessa de rentabilidade alta ou garantida para atrair as vítimas e sustentar o esquema de pirâmide.