A CPI da Covid exibe espetáculo da velha política e seus personagens. Para a juventude, um debate surpreendente, e para os de mais idade, mais um momento quente que propicia velhas verdades. Os senadores Jorginho Mello e Renan Calheiros são parecidos, gostam de dinheiro e da soberba ofertados pela política.
Os termos “vagabundo” e “picareta” cabem aos dois atores por um passado de processos e denúncias contra seus nomes em atuação na cena política.
Jorginho Mello de vereador saltou para a diretoria do Banco do Estado de Santa Catarina. Depois se elegeu deputado estadual, federal, senador, e quer chegar ao governo catarinense. Sua pré-campanha envolve dinheiro público e privado.
Renan Calheiros é um nome nacional, todo brasileiro conhece sua história. O centrão e os bolsonaristas tentaram captar Calheiros, mas ele fez a opção de seguir com Lula. Seu adversário, Arthur Lira, que também era lulista em Alagoas, fez a opção por Bolsonaro e agora sinaliza abandonar o presidente.
Voltando ao bate-boca entre dois senadores da República, o relevante é saber que nos momentos quentes se conhece a opinião de um sobre o outro. A impressão sobre cada um nos remete aos grandes antros, onde quem não presta convive de forma teatral e descarada. O momento político que o Brasil atravessa é dos piores por conta da dura briga ideológica, onde se criou a extrema direita que se contrapõe à esquerda radical.
Jorginho Mello partiu pra cima do senador Renan Calheiros por entender que o relator da CPI está entrando na sala do presidente Bolsonaro. Renan quer convocar o filho lobista do presidente, Renanzinho (o zero-quatro), a ex-mulher do presidente, e conseguiu colocar o empresário Luciano Hang, o homem que se tornou bilionário após Bolsonaro chegar ao poder. Hang era garoto propaganda e ficou famoso no Brasil se vestindo de verde e amarelo e pregando o discurso de ultra direita do bolsonarismo.
O senador Jorginho Mello não morre de amores pelos dois, quer o apoio político e financeiro de Hang e Bolsonaro para se eleger governador de Santa Catarina. Já Renan Calheiros quer sangrar Bolsonaro para fortalecer o ex-presidente Lula no Nordeste. Os dois estão atingindo suas metas, mesmo atolados na lama.
Como o leitor pode enxergar o futuro do episódio da CPI da Covid que encerrou a semana passada? Os senadores Renan e Jorginho devem pedir desculpas um ao outro e à nação pela baixaria e, assim, voltarão a conviver no antro de ódio como se fossem velhos amigos. Ao eleitor ficará a impressão de um mal entendido e um desabafo momentâneo, com palavras ao vento ou guerra de “cuspe”.
A CPI da COVID-19 caminha para o fim e está preparando seus cadáveres para o roteiro final. Renan Calheiros quer colocar o presidente Bolsonaro no banco dos réus do STF e tribunais do mundo como genocida. Responsabilizar ministros por comprar vacinas e medicamentos superfaturados e colocar médicos como criminosos por uso de medicamentos pra verme e combate à malária como solução para o Coronavirus. A briga terá outros desdobramentos. Vamos ver quem sobrevive.