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18 de março de 2025

Consumidores seguem insatisfeitos com altos valores dos combustíveis no Ceará

Por cinco semanas consecutivas, a gasolina do Estado - principal opção dos automobilistas - é eleita a mais cara de todo o Brasil, de acordo com levantamento semanal da ANP
Foto Beatriz Boblitz

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Não é de hoje que os preços de combustíveis no Ceará desagradam e deixam insatisfeitos os consumidores e proprietários de automóveis. Conforme anunciado em edição anterior pelo OPINIÃO CE, por cinco semanas consecutivas, a gasolina do Estado – principal opção dos automobilistas – é eleita a mais cara de todo o Brasil, de acordo com levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Sabendo disso, a reportagem foi até o posto Jorge Vieira da Shell Select, localizado na avenida Pontes Vieira, conversar com motoristas sobre como a alta dos preços os têm afetado.

O jornalista Michel Maia, de 38 anos, afirmou que tem sido um período muito difícil para e com poucas escapatórias dos valores elevados. “Se você corre para um lado, para ir de carro por aplicativo, os preços são muito caros, porque o combustível acaba encarecendo o valor da corrida, e pra gente se locomover de automóvel próprio, a gasolina está cada vez mais cara e a gente não sabe onde é que isso vai parar”, diz.

Michel pontuou como a alta do preço exige uma programação financeira a mais do consumidor. Segundo ele, a situação “acaba afetando e trazendo limitações em compras de outros setores, como, por exemplo, pedir uma comida a menos num restaurante ou deixar um produto no supermercado.”

Para o educador físico de 32 anos, Cleiton Freitas, a insatisfação vai para além do preço alto. Ele explica que, devido ao cenário atual, precisa até recusar serviços para poupar os gastos: “Eu trabalho como professor particular, então, como eu tenho que me deslocar muito, várias vezes eu acabo até recusando algum tipo de serviço, justamente por conta da locomoção a mais que eu teria caso aceitasse”, esclarece.

Ao compartilhar sua percepção, o educador acredita que os preços tendem a aumentar ao decorrer do ano. “As coisas nunca baixaram, falo sobre preços de forma geral, não só gasolina. É mais uma percepção minha, acho muito difícil que aconteça uma baixa, que a gente volte a R$ 4 ou R$ 3. Acho que é meio utópico”, aponta Cleiton ao abastecer o carro com gasolina no preço de R$ 5,99 por litro.

Apesar de comportar os valores mais elevados do país, os números atuais do Ceará são menores em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo dados da ANP, na semana referente entre os dias 30 de janeiro e 5 de fevereiro de 2022, o preço médio da gasolina comum era de R$ 6,54 – R$ 0,98 a mais do que a última média estadual (R$ 5,56) divulgada pelo órgão. Os números do etanol apresentaram a variação de R$ 1,11. No ano passado, o preço médio era de R$ 5,56, atualmente está em R$ 4,45.

O jornalista Michel declarou que, embora espere a melhora dos preços, tenta não alimentar uma expectativa muito positiva. Além disso, ele mencionou a diferença perceptível nos preços do Ceará em relação aos demais estados. “Recentemente, eu estive com parentes de São Paulo e eles ficaram espantados com o preço da gasolina aqui. Lá está bem mais barato. O que eu consigo esperar é que venha o menos ruim pela frente”, lamenta.

Ao contrário de Michel, o motorista de carro de aplicativo, Alexandre Rodrigues, também ao mencionar os valores do estado de São Paulo, se mostrou esperançoso com os futuros preços cearenses: “Deve estar num preço bom a gasolina por lá [em São Paulo]. Espero que por aqui tenha uma medida como a de lá ao decorrer do ano. Vamos ver o que vai acontecer no país daqui pra frente.”

IPCA
De acordo com o Boletim Focus, projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – índice oficial de inflação – de fevereiro deste ano, saltou de 0,70% para 0,79%, contra 0,70% um mês antes. A estimativa era de 0,46% há quatro semanas.

Em 2022, o IPCA acelerou para 1,01% em fevereiro, após ter registrado taxa de 0,54% em janeiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse modo, o estimado para o índice de fevereiro é 13,92% menor do que o do ano anterior.

Ainda conforme dados do ano passado, no grupo Transportes, os combustíveis (-0,92%) se destacaram com queda pelo terceiro mês consecutivo, sendo a mais acentuada a do etanol (-5,04%). Já o preço da gasolina recuou 0,47% em fevereiro.

Por outro lado, foram verificadas altas nos preços do óleo diesel (1,65%) e do gás veicular (2,77%). Com base no mês de fevereiro de 2022, em 12 meses, a gasolina havia acumulado o avanço de 32,62% no país, o diesel, de 40,54%, e o etanol, de 36,17%. Já o gás de botijão acumula alta de 27,63%. (Yasmin Paiva/OPINIÃO CE)

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