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19 de janeiro de 2025

Como um censo demográfico pode mudar a vida da população brasileira

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Documento é instrumento essencial para a conduta de políticas públicas voltadas, principalmente, para os que mais precisam

Priscila Baima
priscila.baima@opiniãoce.com.br

Em razão da pandemia, censo do IBGE não ocorre há 12 anos (Foto: Natinho Rodrigues)

Quem está aprendendo a ler, onde está ocorrendo trabalho infantil, o estado com mais mortalidade de alguma doença, taxa de desemprego, número de pessoas negras nas universidades, mulheres no mercado de trabalho e expectativa de vida.

Estes são alguns dos temas que abrange um Censo Demográfico de um país, instrumento essencial para a conduta de políticas públicas voltadas, principalmente, para os que mais precisam. É o que defendem e explicam entrevistados ao OPINIÃO CE.

Em 2010, o País possuía um cenário completamente diferente do de 2022, principalmente se tratando de taxas de desemprego, educação e saúde, sobretudo, com a pandemia da covid-19. Com orçamento avaliado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em R$ 2,3 bilhões e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro em janeiro deste ano, o Censo 2022 deve começar em agosto.

Para Geovani Jacó de Freitas, sociólogo e professor do Curso de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em sociologia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), o Censo deste ano será fundamental porque vai demonstrar como a sociedade está funcionando por meio do levantamento estatístico pleno e não apenas parcial.

CAPAZ DE PLANEJAR
O Estado, ao se atualizar dessas informações, torna-se capaz de planejar, de modo adequado, “políticas públicas estruturais e setoriais, de longo, médio e curto prazos, de acordo com os problemas e demandas identificados por região, setor e segmentos sociais. É por meio dele que governantes e pesquisadores conhecem as principais transformações ocorridas na sociedade na última década”, salienta Freitas.

Com o levantamento do Censo, muitos benefícios sociais podem ser criados, como a inserção de grupos que podem estar, atualmente, excluídos da sociedade, no que diz respeito, por exemplo, ao emprego e renda. “O acesso das mulheres à escola. Caso esse dado caia nesses 10 anos, pode-se criar, a partir daí uma política pública para a reinserção das mulheres na educação. Esse é talvez o maior benefício da sociedade”, exemplifica o professor de geografia e mestrando em Ciências Sociais e Humanas, Rômulo Artur.

De acordo com o IBGE, até o mês de outubro, os recenseadores devem visitar mais de 70 milhões de domicílios de todos os municípios brasileiros para realizar as entrevistas. Em setembro de 2021, o órgão federal realizou um teste para a consulta na Ilha de Paquetá, bairro do Rio de Janeiro, situado na Baía de Guanabara, com cerca de 3,6 mil habitantes. A consulta ocorre a cada dez anos e deveria ter sido realizada em 2020, mas foi adiada por causa da pandemia.

Em 2021, não ocorreu por falta de orçamento. Com o atraso de 12 anos, o novo estudo pode revelar realidades que não foram vistas na última década e que se tornam um problema, sobretudo, político. “Não há gestão responsável sem planejamento estratégico, sobretudo de um País tão complexo como o Brasil, de dimensão continental e diversos em todos os aspectos.

As consequências se refletirão na qualidade da ação dos governos e das instituições públicas que, sem o retrato atualizado da sociedade, não serão capazes de traçar políticas públicas eficazes com base em dados tecnicamente qualificados”, critica o sociólogo.

Já o geógrafo Rômulo acredita que muitos dados pioraram, como a violência e a pobreza no campo, além da disputa de terras. “Economicamente, vai afeitar muito também. As Bolsas de Valores trabalham em cima de uma condição social estável e um equilíbrio entre os três poderes. Isso é tudo o que nós não temos no Brasil. Estamos trabalhando totalmente às escuras”, lamenta.

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