Pouco tempo depois de o Vaticano anunciar a morte do papa Francisco, na madrugada desta segunda-feira (21), foram iniciadas as especulações sobre os nomes dos cardeais mais fortes para a sucessão do pontífice. Na verdade, teólogos apontam que a discussão sobre a sucessão de Francisco começaram logo que surgiram as primeiras informações sobre o debilitado estado de saúde do pontífice.
O cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, disse nesta segunda-feira que ninguém deverá se surpreender se o novo papa, a ser escolhido durante o conclave, seja um asiático ou africano.
“Ninguém deveria se surpreender se fosse escolhido um cardeal africano para ser papa ou um cardeal asiático ou novamente um cardeal italiano. Está nas possibilidades. Se isso acontecer, não significará que a igreja voltou-se só para África ou voltou-se apenas para Ásia, voltou às costas para América ou voltou a se centrar na Europa. Qualquer um que for escolhido papa deve recuperar o cuidado da Igreja como um todo. Portanto, é o tempo do pontificado que vai depois nos dizer para onde irão as escolhas pessoais que o papa fará“, disse Dom Odílio Scherer.
Dom Odilo destacou que essa variedade de nacionalidades entre as possibilidades para um novo papado decorre do fato de que, durante o pontificado de Francisco, o colégio de cardeais ficou ainda mais diversificado.
Filipe Domingues, vaticanista e doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana, lembrou que na História recente, a liderança da Igreja Católica costuma alternar entre um papa mais carismático e midiático e outro mais contido.
“Olha para trás: você tinha o papa João Paulo II, que era muito carismático, fez um pontificado muito longo e fez muitas coisas. O pontificado que se seguiu foi o de Bento XVI, que não foi tão curto, mas foi um papa mais centrado, mais reflexivo”, ressaltou o diretor do Instituto Católico Lay Centre, com sede em Roma, durante entrevista concedida à rede de TV CNN.
Entre os cardeais europeus, o nome tido como o mais cotado é de Pietro Parolin, que desde 2013 atua como secretário de Estado do Vaticano, que reúne as funções de um primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores, considerado o braço-direito do papa.
Matteo Zuppi, outro italiano, sempre teve o nome em todas as listas de prováveis sucessores de Francisco. A exemplo de Pietro Parolin, ele tem experiência diplomática, principalmente pela atuação na Comunidade de Santo Egídio, uma organização católica apelidada de Pequena ONU de Trastevere, em referência ao bairro romano onde fica sua sede da entidade.
Em 1992, Matteo Zuppi mediou o acordo de paz para encerrar mais de 16 anos da guerra civil em Moçambique, na África. O conflito foi considerado um dos mais sangrentos daquele continente. O cardeal também foi escolhido como o enviado de paz do papa Francisco para mediar a paz na guerra entre Rússia e Ucrânia.
A maioria dos cardeais é da Europa, com 53, seguido por Ásia (23), América do Sul (17, sendo 7 do Brasil), África (18), América do Norte (16), América Central (4) e Oceania (4). Dos 135 sacerdotes aptos a votar, por terem 80 anos ou menos, 108 foram proclamados cardeais pelo papa Francisco; 22 por Bento XVI e cinco por João Paulo II.
Com informações da Agência Brasil.