Voltar ao topo

8 de dezembro de 2024

Começa “temporada de encalhes” de tartarugas nas praias de Fortaleza; veja cuidados

Entre as principais espécies encontradas no Ceará estão a tartaruga-verde, tartaruga-cabeçuda, tartaruga-de-pente e tartaruga-de-oliva
Foto: Instituto Verdeluz/Divulgação

Compartilhar:

Entre dezembro e julho, são encontradas com maior frequência tartarugas marinhas encalhadas no litoral cearense. A bióloga e coordenadora do programa de conservação de tartarugas marinhas GTAR-Verdeluz, Alice Frota, informa que os registros do Instituto Verde Luz indicam que existem, em média, quatro encalhes de tartarugas por mês, em Fortaleza. A Aquasis, organização que atua para evitar a extinção das espécies no Nordeste, chegou a registrar entre 45 a 60 casos em todo o Estado, no monitoramento realizado a cada 40 dias, durante a temporada de encalhes.

Conforme o Instituto, os encalhes representam 10% das mortes de tartarugas marinhas em todo o oceano.

“Esse número que a gente vê de encalhes e mortos representa cerca de 10% dos animais que realmente morrem em Alto Mar, porque só 10% acabam chegando no continente. Então, o número de tartarugas marinhas mortas é muito maior do que a gente vê. É cerca de 90% maior”, destacou a bióloga Alice.

O ambiente terrestre, geralmente, é utilizado pelas fêmeas para colocar seus ovos no ninho, até o mês de maio. O nascimento dos animais pode ocorrer até o mês de julho. Quando é encontrada uma tartaruga encalhada na praia significa que algo a debilitou e ocasionou o seu encalhe e, em alguns casos, a sua morte. As doenças e ferimentos adquiridos na natureza são causados por condições marítimas, além de erros na navegação e orientação durante a migração. 

Já entre as causas humanas está a poluição marinha, principalmente pelo plástico, prejudicando a saúde, alimentação e habitat das tartarugas. Outras questões que afetam esses animais são o tráfego marítimo irresponsável e a pesca invisível, que realiza a captura em redes que são descartadas de forma incorreta. A degradação do habitat, com mudanças climáticas que afetam a temperatura e o comportamento dos mares, também contribui para os encalhes. A bióloga destaca que, geralmente, esses animais já encalham em uma situação grave ou até mesmo mortos, o que indica a diminuição das espécies, que são ameaçadas de extinção.

“O risco para a espécie é que, se encalham 10 tartarugas por ano, na verdade, estão morrendo 100 tartarugas, é mais ou menos isso. Então, a espécie corre o risco de extinção”, evidenciou a pesquisadora.

CENÁRIO CEARENSE

Em Fortaleza, as tartarugas marinhas podem ser encontradas em todas as faixas de areia, mas existe o maior número de registros de encalhes na Praia do Futuro e na Praia de Iracema, praias com maior fluxo de pessoas. As principais espécies encontradas no território cearense são a tartaruga-verde, tartaruga-cabeçuda, tartaruga-de-pente e tartaruga-de-oliva. No Ceará, existem praias de desova nos municípios de Caucaia, Paracuru, Icaraí de Amontada, entre outras cidades.

“Quando um animal desse porte, que demora 35 anos a 40 anos para começar a desovar, perde o seu espaço de desova, isso se torna algo muito sério. Se Fortaleza deixasse de ser uma área de desova agora, a gente só ia perceber o estrago daqui a 35 anos. Para o ser humano, que gosta das coisas muito imediatas, é algo muito difícil de se medir”, avaliou a bióloga.

Foto: Instituto Verdeluz

Ao serem resgatados, os animais devem ser encaminhados até o centro de reabilitação do Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB), em Areia Branca, no Rio Grande do Norte. As pessoas que encontrarem o animal encalhado na praia devem contatar a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), através do número 190, ou o Corpo de Bombeiros, no 193, para abrir um chamado. Em seguida, o Instituto Verdeluz ou a Aquasis podem ser acionados para auxiliar no transporte do animal.

Ainda é recomendado não locomover muito o animal, isolando o local, além de deixá-lo na sombra e o embrulhar com um pano úmido. Outra indicação é deixar o animal levemente inclinado na diagonal. Isso ajuda na saída de água do pulmão do animal. As tartarugas não devem ser retornadas ao mar, em nenhuma hipótese, já que é importante que ela passe pelo atendimento necessário com as instituições capacitadas.

GTAR-VERDE LUZ

O GTAR-Verdeluz surge em 2014 para estudar a vida das tartarugas marinhas e provar que elas existem em Fortaleza. Além de trabalhar em prol da conservação dos animais, o Instituto trabalha em três áreas temáticas: educação ambiental, monitoramentos e necropsias. Reunindo diferentes áreas e instituições, como a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Universidade Estadual do Ceará (UECE), o trabalho transdisciplinar envolve estudiosos da Ciências Biológicas, Medicina Veterinária, Oceanografia, Engenharia Ambiental, Engenharia de Pesca e Oceanografia. Entre as parcerias do projeto está o Corpo de Bombeiros e o Centro de Triagem de Animais Selvagens do Ibama.

[ Mais notícias ]