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20 de abril de 2025

Com PDT dividido, pré-campanha de Sarto ganha concorrente interno

Corrente nos bastidores, nome de Evandro Leitão como candidato ao Paço Municipal apareceu em pesquisa e pontuou; divergências internas do PDT acirram cenário para 2024
Sarto e Evandro: dividido, PDT vê despontar internamente possíveis concorrentes para pleito de 2024. FOTO: BEATRIZ BOBLITZ E ALECE/DIVULGAÇÃO

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A pesquisa divulgada pelo Instituto Paraná, na terça-feira, 25, trouxe holofotes para uma história que se ouve nos bastidores. O deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, é um potencial candidato à Prefeitura de Fortaleza nas eleições de 2024. O cenário do pleito na Capital se desenha, se acirra e se complica.

No ano passado, Evandro Leitão foi o segundo deputado mais votado no Ceará, chegou ao terceiro mandato com experiências importantes no Executivo e no Legislativo. O deputado tem trânsito livre no Governo do Estado e é benquisto até por nomes da oposição, caso da deputada estadual Dr. Silvana (PL). Contudo, o parlamentar é filiado ao PDT, partido do prefeito José Sarto, que já constrói condições para uma reeleição.

“Pra mim, é uma honra enorme ser citado e lembrado pela população (na pesquisa). É fruto do trabalho que estamos desempenhando ao longo de oito anos de vida pública. Esse reconhecimento é o que dá força de continuar”, avaliou Evandro Leitão, em entrevista ao OPINIÃO CE.

Ele nega que a menção ao seu nome lhe cause algum tipo de constrangimento, mesmo que lideranças do PDT no Ceará, como o ex-ministro e candidato derrotado à presidência Ciro Gomes e o ex-prefeito Roberto Cláudio já falem em uma reeleição de Sarto. “Causaria se eu tivesse forçado uma situação, mas foi algo espontâneo”. “Constrangedora”, para ele, é a situação do partido, rachado após a divergência com o PT nas eleições de 2022.

INSATISFAÇÃO

Evandro faz parte da banca majoritária do PDT na Alece que apoia o governo Elmano. “Sou um parlamentar extremamente alinhado com o PT”, afirma, sem rodeios. “Meu pensamento converge para aquilo que o partido defende e as ações que prioriza. É  meu posicionamento, individual, tem a ver com o que penso sobre vida e política”. Para ele, não há contradição, pois as ideologias do PDT “convergem mais do que divergem” daquelas do PT.

Na pesquisa do Instituto Paraná, Evandro figura em um cenário em que não consta um candidato do PT. Nos bastidores, apostam no nome dele como candidato do Palácio da Abolição, com apoio de Camilo Santana. É improvável que o PDT divida palanque com o PT e que Sarto não tente se reeleger. Para entrar na disputa, Evandro teria que resolver sua situação partidária. Sua carreira política começou no PDT e ele não saiu da sigla desde então.

O deputado ainda não fala em deixar o partido, mas como outros correligionários que integram a base do governo Elmano, pode mudar de legenda. “Espero que [no PDT] possamos superar esse momento extremamente difícil. Obviamente, se por ventura permanecer da forma como está, no momento oportuno, em que a gente entenda que precisa tomar uma decisão, nós vamos tomar. Eu não vim pra política para ser mais um. Estou aqui para colocar em prática as convicções de vida que tenho”.

Evandro não desconversa sobre a insatisfação no partido. “É fato que existe um incomodo enorme, uma insatisfação com tudo que ocorreu num passado recente”. Para Evandro, um alinhamento do partido é dificultado pelas “agressões e acusações que algumas pessoas ficam fazendo na imprensa”. A solução, defende, precisa ser “interna”.

“Estamos aqui para contribuir com a população cearense. E é isso que ela espera de nós. A população não quer saber dessa briga interna partidária. As pessoas querem trabalho, emprego, saúde pública”.

Ele lembra que, terminado o quarto mês do ano, o partido segue sem definir uma posição em relação ao Governo do Estado. “A ampla maioria deseja participar. E está participando. A direção tem que escutar quem faz o partido: vereadores, deputados estaduais, federais, os prefeitos. Tem que haver diálogo. As decisões não podem ser tomadas de cima pra baixo. Mas tenho a absoluta convicção que o presidente do partido, o deputado federal André Figueiredo, sabedor dessas demandas, vai, no momento apropriado, convocar o diretório estadual e deliberar. Tenho batido nessa tecla”, critica.

“É um dever nosso dialogar, conversar. Estou esperando por essa conversa. Da forma como está é que não pode permanecer. Respeitar o desejo da maioria: é o que espero de um partido como o PDT. A gente não pode ficar só no papel, em que diz que o partido é democrático. O PDT é democrático e temos que concretizar, fazer disso um espaço de convivência democrática, em que as pessoas sejam respeitadas na sua maioria”, argumenta Evandro Leitão.
 

MAIS DIFÍCIL

O deputado Romeu Aldigueri (PDT) afirmou ao colunista do OPINIÃO CE Roberto Moreira que a aliança entre PDT e PT no Estado “não tem mais volta”. “Não vejo com impossível, mas cada dia mais se torna mais difícil, pelo que falam algumas pessoas, não sei se propositadamente, se estrategicamente ou por imaturidade”, avalia.

“Não é apenas em relação ao PT. Enquanto o PDT não se resolver internamente, não terá condições de se resolver externamente. A reaproximação com qualquer partido progressivo depende que, primeiro, lavemos a roupa suja dentro de casa. Temos que saber onde queremos chegar”, considera o deputado.

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