Solicitação de destituição do amazonense ocorreu após pressão do presidente Jair Bolsonaro a Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e Arthur Lira
Kelly Hekally
De Brasília
kelly.hekally@opiniaoce.com.br

Com mal-estar assistido em plenário, ocorreu na noite desta terça-feira, 24, na Câmara dos Deputados o desfecho da saída de Marcelo Ramos (PSD-AM) da cadeira de primeiro vice-presidente da Casa. Na tribuna, o parlamentar, que já está de volta ao gabinete do oitavo andar do Anexo I da Câmara, disse que estava deixando o cargo “de cabeça erguida” e que “o assunto estava encerrado.”
Está marcada para esta quarta-feira, 25, a escolha de seu substituto, bem como de mais duas cadeiras da Mesa Diretora da Casa, ambas de secretariado. Em referência ao episódio, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), teceu no plenário críticas indiretas ao colega ao afirmar que não apoiaria discursos de projeção política nas redes sociais e, com falas apontando normas contidas no Regimento Interno da Casa, acrescentou que o cargo, conforme o documento, é de posse do partido, ou seja, do PL, neste caso.
Marcelo Ramos argumentou que o mesmo regimento estende a blocos partidários as prerrogativas de partidos. Blocos partidários, como o nome sugere, são composições de siglas que se unificam para formar posições acerca dos acontecimentos da Câmara. A mesma estrutura existe no Senado e demais parlamentos brasileiros.
O OPINIÃO CE questionou Marcelo Ramos sobre a razão para que o deputado federal não tenha recorrido ao Supremo Tribunal Federal (STF) com um Mandado de Segurança (MS) a fim de tentar permanecer na posição de primeiro vice-presidente da Câmara, acumulando assim a de primeiro vice-presidente do Congresso Nacional, cadeira por meio da qual vinha conduzindo todas as sessões conjuntas, responsáveis por apreciar vetos presidenciais e Projetos de Lei do Congresso Nacional (PLNs), a pedido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Em resposta, o parlamentar disse que uma eventual busca por liminar no STF geraria ainda mais atrito entre Executivo, Legislativo e Judiciário. À reportagem, Marcelo Ramos apontou que as críticas de Arthur Lira “mostravam o que cada um dos dois são.”
Desde o mês passado, o OPINIÃO CE vem acompanhando o caso. A solicitação de destituição do amazonense ocorreu após pressão do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e Arthur Lira. À reportagem, André Fufuca (PP-MA) declarou que Arthur Lira segurou, ainda que pressionado, “até onde conseguiu” e que o ato não se “trata de traição.”
ELEIÇÃO DESTA QUARTA
Na eleição estão os nomes de Lincoln Portela (PL-MG), escolhido pelo partido, Capitão Augusto (PL-SP), Fernando Rodolfo (PL-PE), Bosco Costa (PL-SE) e Flávia Arruda (PL-DF) – todos para primeiro vice-presidente. Lincoln Portela venceu a disputa, por 21 a 19, de Major Vitor Hugo (PL-GO).
Para a segunda secretaria está o de Odair Cunha (PT-MG). Também à reportagem, Zeca Dirceu (PP-PR) explicou que o partido deliberou por um nome único. Por fim, para a terceira secretaria, o PSDB indicou oficialmente a deputada Geovania de Sá (PSDB-SC).