Fortaleza vai receber o primeiro e único data center da Scala no Nordeste. Nesta terça-feira (25), o CEO Marcos Peigo e o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), participaram de solenidade para o lançamento da pedra fundamental da unidade a ser instalada na capital cearense, no bairro Manoel Dias Branco. Conforme Peigo, foram mais de R$ 1 bilhão em investimento para a construção do data center, que tem previsão de ser concluído até o primeiro trimestre de 2025, entre os meses de janeiro e março. A unidade deve receber dados de grandes empresas, as “big techs”, o que pode impactar, por exemplo, na melhoria da velocidade da conexão.
Segundo Sarto, a empresa não viu uma ambiência de negócios tão favorável quanto viu em Fortaleza. A questão geográfica da capital cearense, aliás, foi um dos motivos para que a Scala a escolhesse para uma nova unidade de data center. Com o equipamento, a população que utiliza celular poderá ter a redução do tempo de latência, o tempo decorrido da emissão e da chegada dos dados. “Isso é fundamental para você que usa celular, que a partir do momento que você clica no aplicativo, é o tempo que ele aparece na tela”, explicou o prefeito.
A Scala é uma plataforma latino-americana líder no mercado “Hyperscale”, termo utilizado na computação para se referir a uma grande demanda dos serviços de circulação de dados. Para a unidade de Fortaleza, a empresa deverá entregar dois prédios. Enquanto o primeiro terá capacidade de 7,2 MW de TI, o segundo terá 13,5 MW de TI. Com o novo empreendimento, grandes empresas que operam serviço em nuvem como Amazon, Meta, Microsoft e Google poderão ser atendidas pelo data center, com seus dados armazenados também na capital cearense.
“Esses são os clientes naturais para cá, e já são clientes que a gente atende em outras regiões. Eu acho que a atração para cá é natural”, disse Peigo, que fez uma analogia em que compara o data center a um aeroporto, que permite com que os “jatinhos” e “boeings” – as big techs – “pousem” nele.
O número de empresas a se instalarem na unidade, no entanto, é incerto. “O primeiro prédio foi feito para ser um prédio compartilhado, então a ideia dele é que ele atenda ‘n’ clientes, já o segundo prédio é feito para ser um prédio dedicado”, disse. Para o primeiro prédio, aliás, dois clientes – não divulgados – já comunicaram que vão se instalar nele. “Mas se fosse cada um contratando no mínimo possível, o menor bloco possível, a gente estaria falando de 12 clientes”, afirmou, sobre o número máximo de empresas a se instalarem no edifício.
RAZÕES PARA ESCOLHER FORTALEZA
Segundo o CEO, duas principais razões motivaram a empresa a escolher Fortaleza. A empresa, como explicou ele, trabalha com quatro rotas possíveis de conexão: norte, sul, leste e oeste. Com três rotas já definidas – na cidade de Curauma no Chile para o oeste; no Porto Alegre para o sul; e Praia Grande-SP no leste -, Fortaleza vai cumprir com a rota de conexões do norte.
“Fortaleza, como ponto mais ao norte, onde você tem uma abundância de cabos e de conexões submarinas que fazem essa conexão. Você tem aqui conexão que vem da África, você tem conexão que vem da América do Norte, então esse aqui é um ponto-chave que você consegue ter visibilidade dos data centers e ter acesso ao que está espalhado pelo mundo. Então seria natural que fosse feito aqui”, afirmou.
O outro motivo que levou a empresa a escolher a capital cearense é que a cidade possui uma “obsolescência” dos data centers que estão instalados. “Como aqui não era um ponto de processamento pesado, era um ponto de conexão, os data centers que hoje existem aqui eles são mais extensões da CLS [Cable Land Stations], que é onde os cabos se conectam, do que data centers propriamente ditos que foram pensados para ser data centers”.
Segundo Marcos Peigo, nenhum dos data centers atualmente em Fortaleza começou como um projeto pensado para tal. “Foram se aproveitando em reformas do que já existia e ampliando uma necessidade”. Na cidade, a densidade atual que pode ser oferecida para a circulação de dados é de 5 kW por rack – equivalente a dois secadores de cabelo ligados na tomada. Segundo o CEO, o data center da Scala vai permitir que essa densidade chegue a 40 kW por rack.
“Nós simplesmente não conseguimos usar estruturas que foram projetadas há mais de três ou quatro anos para essa tecnologia. Fortaleza, a partir desse primeiro trimestre do ano que vem, poderá receber servidores que vão hospedar aplicações de Inteligência Artificial. Hoje não pode”, acrescentou.
GERAÇÃO DE EMPREGOS
Na unidade a ser entregue em Fortaleza, cerca de 700 empregos já foram gerados durante o período da construção. Ainda conforme o CEO, após a construção do prédio, outras 300 a 350 vagas devem ser geradas. Do total desse número, 60 devem ser de empregos gerados entre diretos e indiretos para a operação do data center. O restante, conforme ele, virá dos servidores das empresas que se instalaram nele.