Com quadra chuvosa, há aumento no número de casos da Doença Diarreica Aguda (DDA). Descarte correto do lixo e higiene ajudam a evitar proliferação
Giovana Brito
Especial para OPINIÃO CE
giovana.brito@opiniaoce.com.br

A incidência de doenças transitando em Fortaleza aumenta nos primeiros meses do ano devido à quadra chuvosa. É o que ocorre com a “virose da mosca”, como é popularmente conhecida.
Na Capital, este ano, o número de casos tem crescido, nas Unidades de Atenção Primária à Saúde (Uaps): foram registrados em fevereiro 3.127 atendimentos e, no mês de março, 3.479 acolhimentos da mesma enfermidade. Os dados foram enviados pela Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS).
Diferente do que muitos acreditam, a doença não vem de razão própria das moscas: trata-se de um vírus que não é transmitido apenas pelo inseto. Diarréia, náuseas, vômito, prostração, desconforto abdominal e febre estão entre os sintomas da Doença Diarreica Aguda (DDA) ou Gastroenterite Aguda.
De acordo com Guilherme Henn, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), vários microrganismos podem causar a doença. “A maioria dos microorganismos causadores são vírus, que infectam o trato gastrointestinal e causam uma doença aguda caracterizada por diarreia, principalmente. Geralmente, é associada a dor abdominal e às vezes também à febre e a vômitos”, explica o infectologista.
Entre as formas de se contaminar citadas pelo infectologista está a via de transmissão fecal-oral, que é quando o indivíduo está infectado utiliza o banheiro, não lava as mãos e pode contaminar outras pessoas pelo contato direto. Além dessa, água e comida contaminada.
“Por que as doenças costumam aumentar neste período do ano aqui no Ceará? Por dois motivos, principalmente. A gente está em uma época de aumento das chuvas. As pessoas se aglomeram mais, portanto, esses microorganismos ficam mais facilmente transmissível por contato direto. Segundo que existe contato direto das pessoas com água, por conta das inundações das chuvas. As pessoas acabam ingerindo acidentalmente.”
COMO EVITAR
A preocupação para evitar a dissipação da doença deve ser relacionada, sobretudo, ao lixo. A transmissão ocorre principalmente por meio da contaminação de alimentos e água pelos vetores da doença como vírus, bactérias ou parasitas. Tanto mosca como rato, barata, formiga e até mesmo o ser humano podem transmitir esses microorganismos. As medidas de prevenção se referem aos cuidados com o acondicionamento do lixo.
É preciso, também, seguir protocolos de higiene nos espaços de convivência, lavar as mãos, com água e sabão ou utilizar álcool. Entre as recomendações do infectologista está evitar o contato com pessoas doentes. “A pessoa doente não deveria ir trabalhar, não deveria entrar em contato com outras pessoas, deveria aguardar na resolução dos sintomas. Depois de alguns dias é que deveria voltar ao convívio. E sempre procurar se alimentar em locais com higiene.”
Os sintomas costumam ser leves, e a pessoa infectada necessita apenas de repouso, ingestão de líquidos e tratamento dos sintomas. Os casos mais graves que podem precisar de atendimento médico são aqueles que apresentam sinais de desidratação, sobretudo, crianças e idosos que estão mais suscetíveis à desidratação.