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21 de abril de 2025

Coluna: precisamos de uma pausa para que venha o recomeço

Foto: Reprodução/Google Street View

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Na semana que se encerra neste sábado, 8, notícias de crimes envolvendo adolescentes e crianças como vítimas e protagonistas geraram comoção e reflexão. Perdemos o controle do barco? A maré está ditando o destino sem qualquer resistência ou tentativa de resgate do leme. O que está provocando tudo isso? Onde está o erro? Onde nos perdemos e por qual motivo estamos naufragando?

Em Sobral, no Norte cearense, um adolescente teve acesso à arma de um familiar e a levou para a escola. Ele disparou e atingiu três colegas. Na Tailândia, pelo menos 37 pessoas, entre elas 23 crianças, morreram durante um massacre em uma creche. O autor do ataque – um ex-policial, armado com uma espingarda, uma pistola e uma faca – matou a própria família e cometeu suicídio depois que fugiu da creche. Esses casos se somam a muitos outros e reforçam uma estatística preocupante: o envolvimento de crianças e adolescentes em crimes, sejam como autores ou vítimas.

Nossos pequenos estão vulneráveis, desprotegidos. Isto pede, para além de uma reflexão profunda, medidas de segurança no ambiente escolar e no convívio familiar. É uma análise complexa. A essência se perdeu com o tempo. É como se tudo e todos estivessem fora de controle. Nossas crianças não podem fica à deriva. Elas precisam de proteção, orientação, de um olhar amoroso e atento. É verdade que não podemos mudar o mundo e barrar processos que já sufocaram o homem e o meio. Mas podemos mudar a nós mesmos e, assim, passo a passo, transformamos o coletivo.

Precisamos parar. Olhar para trás. Buscar o que se perdeu. Precisamos recomeçar. Família e escola têm que ser parceiras. O poder público também precisa agir. Onde estão os investimentos em praças e parques? O que está sendo feito para conectar nossas crianças com o simples, com o belo, com a vida? As brincadeiras antigas podem ser resgatadas. As máquinas podem ceder espaço para o fazer, para o brincar. O olho no olho entre cuidadores e crianças precisa acontecer. Enxergar sinais, buscar ajuda.

O interior precisa preservar suas características. Todos podem e devem conviver com o novo. Mas essa corrida não pode superar a essência. Todos querem ter mais, ser mais. Sempre mais e mais e mais. Isto acaba frustrando, gerando doenças, desequilíbrio. O mundo real tem limitações e dificuldades que só podem ser ultrapassadas com uma base forte na formação do indivíduo. Precisamos olhar para o outro com respeito e empatia, não com ódio e inveja.

Nós, adultos, somos os comandantes do barco. Nossas crianças precisam ser guiadas. A falta de tempo, o cansaço, o mergulho no inatingível não podem ser desculpas. Vamos olhar para os pequenos. Entregar a eles valores, humanidade, segurança e amor. Se não fizermos isso, as tragédias vão se multiplicar e todos nós vamos naufragar. É preciso recomeçar.

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