Dá medo os dentes arreganhados dos raivosos que estão ditando os roteiros dessa contenda que se aproxima. Nem parece apenas uma eleição em um país com Anitas, Leo di Caprios, Randolfes e Renans, sem deixar de fora filhos senadores e deputados. Esses atores rosnam e urram às luas de sangue. Seus préstitos dão calafrio. Todos empunham bandeiras e gritam suas verdades escondendo suas mentiras ou cantam velhas canções enquanto vão:
“Caminhando e cantando e seguindo a canção, porque somos todos iguais, de braços dados ou não, nas escolas, nas ruas, campos, construções, caminhando e cantando e seguindo a canção… — Vem, vamos embora, que esperar não é saber, pois quem sabe faz a hora, não espera acontecer… E ainda acreditam nas flores vencendo o canhão.”
Vence nada, o que estão incentivando ou dizendo que a culpa é do outro lado e são iguais, mentem, inventam, se isentam de culpas, se dizem Santos, que nunca roubaram ou venderam heróis por muito mais que trinta dinheiros… Avizinham-se os cáftens de ideologias contraditórias, prometendo velhas promessas; as quase mesmas que nunca foram cumpridas as com as suas bandeiras, agora com mais cores, com mais vogais invocando direitos mais que os dos outros, querendo novas gramáticas, impondo novas regras querendo cotas e mais cotas.
O que podemos esperar? Velhos cáftens, raposas conhecidas, oportunistas esperando o quem dá mais para se bandearem com “sinceridade e lealdade” igual a Judas. Entro em um táxi, pergunto ao motorista quem ele acha que vai ganhar. Eles são as melhores fontes de informação e pesquisa e que nunca são consultadas. “— Lá em casa, minha mulher é radical, tem dois olhos lindos e se faz de cega. Se argumento, esperneia e bufa de ódio a quase sair-lhe fogo dos infernos; e, como sou do contra, me manda dormir na rede. Faço um dengo, digo que ela tem razão, mas sei em quem vou votar. Está tudo muito confuso. Meus colegas dizem que não acreditam nas pesquisas.
Acham que vai ser uma cachorrada, não importa quem ganhe. Haverá sempre aquele que dirá que houve roubo. Se correr o bicho vota, se ficar o bicho também vota, mas em quem? Daqui a pouco estaremos vendo o sol
nascer quando chegar o dia depois do dia seguinte e veremos que continuará caminhando e cantando, juntando os cacos para reconstruir o que restará do país cheio de berços esplêndidos. Alguns mais incrédulos e desanimados dizem que em situações extremas a lei pode se tornar inapropriada por conta das brechas e das filigranas das interpretações oportunas e aí, para os injustiçados, as cobranças de equanimidade dos direitos começa a sentir sede da justiça natural e a consequência pode ser a apelação para a vingança, essa resposta emocional.