Não é a primeira vez que Cid Gomes é afastado da presidência estadual do PDT por decisão da direção nacional do partido. Na sexta-feira, 27, em uma reunião acalorada na sede da Fundação Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, a presidência do partido dissolveu o recém-eleito diretório estadual, comandado pelo senador. A resposta de Cid seguirá o padrão das anteriores: reunir aliados da sigla, para mostrar a força do grupo, e recorrer à Justiça.
“Cid vai à Justiça resgatar a verdade e garantir seus direitos”, disse o deputado estadual Romeu Aldigueri (PDT), líder do governo Elmano de Freitas na Assembleia Legislativa e um dos principais aliados do senador no partido.
Nesta segunda-feira, 30, o senador reunirá prefeitos, deputados estaduais e federais, e outros correligionários aliados para discutir ações a serem tomadas pelo grupo, diante da nova intervenção do PDT nacional. Prefeitos e vereadores poderiam optar por deixar a sigla, sem risco para seus atuais mandatos. O caso dos parlamentares é mais complicado, o que faz agravar a crise.
Sob comando de André Figueiredo e apoio exaltado de Ciro Gomes, irmão de Cid, a Executiva nacional repetiu a estratégia tentada há um mês: afastou o diretório estadual, em que o senador conta com ampla maioria de apoiadores, para instalação de uma comissão provisória que, desta vez, ainda não foi anunciada.
Para os aliados, o senador Cid Gomes foi desrespeitado e não teve o direito de defesa em um “julgamento de cartas marcadas”. A tensão no PDT se intensifica e a temperatura deve se elevar até que a judicialização das decisões do partido sejam julgadas. Cid Gomes não precisa seguir filiado ao PDT, pois o cargo de senador lhe garante liberdade para trocar de partido, mas ele pretende levar o caso até o julgamento final pelo TRE e a justiça comum, como fez anteriormente contra a decisão da Executiva nacional.
O deputado Osmar Baquit diz que foi atingido em sua honra na reunião do PDT no Rio de Janeiro e também estuda a possibilidade de ir à Justiça. Ele perdeu a paciência na reunião do PDT e quase foi às vias de fato com Ciro Gomes, após ser taxado de “babão de governos” e ouvir outros xingamentos, dirigidos a ele e ao deputado Leônidas Cristino.
SILÊNCIO
O senador Cid Gomes e os deputados aliados que participaram da reunião silenciaram. Nas redes sociais, os parlamentares apareceram em fotos ao lado do presidente Lula, que aniversariou no final de semana, sem fazer menções ao conflito interno do PDT. O grupo de Ciro Gomes, do qual fazem parte o prefeito José Sarto, o ex-prefeito Roberto Cláudio e o principal opositor de Cid, André Figueiredo, também silenciou.
